Comércio tem até o próximo domingo (31) para se adaptar à troca das sacolinhas por modelos mais sustentáveis
Esta é a última semana para supermercados e demais estabelecimentos comerciais do Distrito Federal utilizarem sacolas plásticas comuns para entregar mercadorias aos consumidores. A partir do dia 1º de agosto, fica proibida a distribuição ou venda destes itens, que deverão ser substituídos por sacolas biodegradáveis ou biocompostáveis, isto é, que demoram menos tempo para se decompor.
As empresas, portanto, têm o prazo até o próximo domingo (31) para a adaptação, venda e distribuição gratuita das sacolas confeccionadas à base de polietileno, propileno, polipropileno ou matérias-primas equivalentes. A medida tem o objetivo de tornar Brasília uma cidade ainda mais sustentável, visto que o plástico não biodegradável é um dos materiais criados pelo homem com maior tempo de decomposição.
A proibição passa a valer após a aprovação do Projeto de Lei nº 1.251/2020, de autoria do deputado distrital Leandro Grass (PV), que alterou a Lei 6.864. Esta última foi sancionada pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), em 21 de junho de 2021. O prazo foi estendido até o fim desta semana. A deputada Júlia Lucy tentou a ampliação do período até 2 de janeiro do ano que vem, mas o Projeto de Lei não andou dentro da Casa Legislativa, tendo efetividade, portanto, apenas o do opositor.
Custos e benefícios
De acordo com o superintendente da Associação de Supermercados de Brasília (Asbra), Hélio Shinobu, alterar as sacolas plásticas comuns pelas biodegradáveis aumenta os custos dos estabelecimentos comerciais de cinco a seis vezes do valor pago atualmente. Isso significa que se um mercado gasta R$ 100,00 com as sacolas plásticas comuns, agora o comerciante embolsará de R$ 500,00 a R$ 600,00 para suprir a mesma demanda.
Hélio ressaltou que a proposta de transição do material plástico para o biodegradável ou biocompostável teve aprovação de mais de 90% dos associados da Asbra.
Ainda segundo a nova Lei em vigor a partir da próxima segunda-feira (1º), “os estabelecimentos comerciais devem estimular o uso de sacolas reutilizáveis, assim consideradas aquelas que sejam confeccionadas com material resistente e que suportem o acondicionamento e o transporte de produtos e mercadorias em geral”, como as chamadas ecobags, confeccionadas principalmente com juta.
“Os mercados estão se preparando e o setor está se adequando para consolidar essa nova medida. [O novo custo] vale a pena também para a conscientização da população”, disse Hélio.
Adaptação em andamento
No supermercado Varejão da Fartura, na unidade Jardim Botânico, a adaptação e troca das sacolas plásticas pelas biodegradáveis já começou a acontecer. Apesar de ainda não ter implementado os itens mais sustentáveis dentro do estabelecimento, aquela feita com material menos degradável já foi reduzida dos caixas em pelo menos 60%.
De acordo com a fiscal do supermercado, Fabiana Nascimento, a escolha feita pela gestão foi oferecer outras opções no lugar das sacolas, como caixas vazias para carregar os produtos, ou sacolas personalizadas com tecido de ráfia – tipo de fibra têxtil desenvolvida a partir de palmeiras. Estas últimas, porém, tiveram alta procura e já acabaram no estoque do estabelecimento.
O estudante João Gabriel Castro, de 22 anos, que fez compras no supermercado ontem, afirmou que concorda com esta troca de sacolas dentro do comércio do DF, uma vez que se trata de uma forma mais sustentável de manter o serviço. Na opinião dele, a troca pelos modelos biodegradáveis e não diretamente para as ecobags também é benéfica.
Já no Mercado da 26, na quadra 26 do Lago Sul, a troca ainda não foi providenciada porque a nova medida não era de conhecimento dos gestores. De acordo com o gerente do comércio, Cristiano Lustoza, a notícia foi dada por um dos colaboradores, que informou da necessidade de substituição das sacolas plásticas pelas biodegradáveis.
“Nos pegou de surpresa, de certa forma, mas já estamos procurando maneiras de nos adequar. Como era uma medida que estava sendo adiada sempre, não tínhamos ciência de que já seria logo agora [neste fim de semana]. Estou vendo com o setor responsável qual a melhor maneira de resolvermos a questão o mais rápido possível”, destacou.
Reunião agendada
Na próxima segunda-feira (1º), o deputado Leandro Grass, autor do Projeto de Lei, irá se reunir com os representantes do setor de supermercados para alinharem sobre as novas mudanças. Por ora, não será feita nenhuma fiscalização, uma vez que o GDF, responsável por esta possível necessidade, ainda não detalhou tais pormenores.