O grupo de 32 brasileiros e seus familiares palestinos que deixaram a Faixa de Gaza chegam ao Brasil nesta segunda-feira (13), no décimo voo da Operação Voltando em Paz. Duas pessoas que estariam no grupo desistiram do resgate antes de atravessar a fronteira entre Gaza e o Egito. O governo federal montou uma equipe de acolhimento para os repatriados, com atendimentos multidisciplinares.
Os brasileiros cruzaram a fronteira com o Egito pelo Portal de Rafah, no início da manhã deste domingo (12). Após uma viagem de cerca de 6 horas em um ônibus fretado, a chegada ao Cairo ocorreu no início da noite, e na capital egípcia o grupo pega o voo para o Brasil. A previsão é que a aeronave decole às 11h50 (horário local) e pouse em Brasília às 23h30 (horário local). Antes disso, haverá três paradas técnicas: em Roma, na Itália; em Las Palmas, na Espanha; e na Base Aérea do Recife, já no Brasil.
O grupo é composto por 22 brasileiros, 7 palestinos que têm RNM (Registro Nacional Migratório) e 3 palestinos que são parentes próximos dos demais integrantes. Desses, 17 são crianças, 9 são mulheres e 6 são homens.
Ao chegarem, o governo brasileiro, por meio de uma operação especial, oferecerá serviços médicos, psicológicos, e terá uma equipe para auxiliar na regularização de documentos. A Força Nacional do SUS está pronta para fornecer cuidados de saúde assim que o grupo chegar em Brasília. Uma equipe com médicos, enfermeiros e psicólogos, bem como uma ambulância UTI móvel, estará disponível para emergências.
Em mais uma missão do governo brasileiro para trazer cidadãos de volta de áreas de conflito no Oriente Médio, já foram repatriados 1.477 brasileiros e 53 animais. Desta vez, a aeronave usada é a VC-2, fornecida pela Presidência da República.
Conflito piora
Em entrevista coletiva, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que a situação do conflito é gravíssima, e que o governo brasileiro vai reunir esforços para trazer mais cidadãos que pediram repatriação. “As circunstancias são complexas e difíceis, havia acordos na região em que estabeleceram que primeiro, diariamente, antes da abertura da passagem para civis, haveria necessidade de sair ambulâncias com os feridos. Que se possa encontrar uma forma de suspensão dessas hostilidades, e a criação de uma pausa humanitária que possa levar ao alívio da população civil”, disse o ministro.
Desde o início de novembro, aproximadamente 4.000 civis portadores de passaportes estrangeiros ou com dupla cidadania receberam permissão para deixar a Faixa de Gaza. Contudo, devido a interrupções frequentes na passagem, nem todos conseguiram partir. Estima-se que um total de 7.500 pessoas terão a oportunidade de sair. O maior grupo é de americanos, com um total de 1.200 pessoas.
Os recentes conflitos na região têm resultado em saldos trágicos de mortes. As atualizações mais recentes indicam que há cerca de 1.200 vítimas fatais do lado israelense, e aproximadamente 11.000 em Gaza.
As condições de vida em Rafah e Khan Yunis, localidades para onde brasileiros foram transferidos após deixarem a Cidade de Gaza, deterioraram-se significativamente. A região enfrenta escassez de recursos básicos, incluindo água, diesel para geradores, alimentos e medicamentos.
Adicionalmente, as áreas ao sul de Gaza continuam a sofrer bombardeios constantes. Em Khan Yunis, por exemplo, um ataque a uma residência resultou na morte de 13 pessoas em um único dia, conforme reportado pelas autoridades locais.