Juliana Curi
O assunto viralizou nas redes e deu o que falar. Tudo o que Bruna Eloísa queria era uma simples maquiagem para poder se casar com o amor de sua vida. Mas, nos salões de beleza, isso tem nome: “dia da noiva”. Um pacote com mimos, produtos “premium”, manicure, lanchinhos, espaço exclusivo e até massagem, a depender do estabelecimento.
Acontece que Bruna queria abrir mão de tudo isso – inclusive de produtos importados e “premium” para a make, ela queria apenas se maquiar. Mas, em todo salão que tentava marcar a chamada “make social” (maquiagem simples), os preços subiam exorbitantemente quando ela dizia que era a noiva.
“Eu entrei em contato com várias maquiadoras e nenhuma poderia fazer uma make social para uma noiva, porque só tinha pacote de noiva com aquele tanto de mimos, e eu só queria uma make e ir embora. Teve uma que eu até perguntei quanto era a maquiagem social, ela falou que era R$ 160, aí quando eu falei que eu queria marcar ela perguntou se eu era noiva… eu falei que sim, e o preço subiu pra R$ 480, e mesmo explicando que eu queria algo simples, a make social, não tive escolha”, disse Bruna em um vídeo postado nas redes sociais.
Bruna, então, conseguiu marcar a sonhada make social com uma maquiadora que não havia perguntado a ocasião do serviço. Mas, no dia da maquiagem – também o dia do casamento, a profissional perguntou pra onde ela ia, e Bruna acabou mentindo que seria para um batizado. “Estava no dia do meu casamento, eu fiquei com medo de ela não querer mais me maquiar daquela forma (make social). E eu fiz a maquiagem, paguei ela e fui embora”, disse a noiva.
No entanto, após o casamento, a maquiadora descobriu a “mentira” e enviou uma mensagem de texto para Bruna Eloísa, a chamando de golpista. Não satisfeita, a profissional Jey Abrantes ainda foi para as redes sociais expor a cliente para dizer que se sentiu “lesada” por ter feito uma make social que, na verdade, seria para um casamento.
“Eu não obrigo as minhas noivas a fecharem o pacote. O que eu até expus na internet, que eu achei chata a situação, foi o motivo da mentira dela. Eu me senti lesada, quem que ‘adora’ receber uma mentira, a pessoa dizer uma coisa e fazer outra?”, afirmou a maquiadora, também nas redes sociais.
Certa ou errada?
Os internautas foram à loucura com a “treta” nas redes sociais, afinal a noiva gravou um vídeo para explicar a situação depois que foi exposta pela maquiadora. E a maioria assumiu estar do lado de Bruna Eloísa – inclusive algumas profissionais do ramo de maquiagem.
“Como maquiadora estou do lado da noiva! Ela não é obrigada pagar um pacote de noiva que é caríssimo, não tem que explicar nada sobre sua condição financeira, e tem TODO direito de querer uma make social, o importante é ela se sentir bem”, disse uma seguidora. Outra internauta chegou a dizer que a noiva havia desmascarado uma “máfia dos casamentos”: “Já vou me inspirar na ‘gata’ e não falar pra ninguém que sou noiva quando for organizar o casamento, os produtos e serviços são praticamente iguais mas eles superfaturam tudo!”.
Mas, afinal, quem está certa nessa história? Ouvimos uma especialista em direito do consumidor que afirmou que a noiva não fez nada de errado. “Nesse caso específico ela não cometeu irregularidade nenhuma, porque ela disse que ela queria maquiagem simples, ela não quis uma maquiagem diferenciada, ela se colocou como qualquer cliente, então ela não cometeu qualquer irregularidade, nem crime, nada”, afirma Ildecer Amorim, advogada especialista em direito do consumidor.
Ildecer explica ainda que, se a cliente pedir e receber um serviço especial por ser noiva, aí sim o preço poderia ser maior, mas não foi o caso de Bruna. “Eles podem cobrar, adicionar taxas aos valores, desde que haja uma diferença na maquiagem, digamos que é um salão específico para noivas, os produtos são diferenciados, importados, mas ela (a Bruna) abriu mão disso tudo, não quis nada disso. Tem que ter esse algo a mais para haver diferença de preço”.
A especialista diz ainda que as clientes não são obrigadas a falar para onde vão, e que não devem se sentir coagidas por isso: “ela não tem que dar satisfação pra onde vai, de forma alguma, pelo contrário. Se o cliente quer uma coisa, independente para o que seja, ele tem que receber e pagar por aquilo apenas”, afirma Ildecer.
Caso de polícia
Tanto a noiva quanto a maquiadora prestaram queixas na delegacia uma contra a outra. A maquiadora Jey Abrantes alega que foi lesionada por prestar um serviço achando que seria batizado quando, na verdade, era um casamento. Já a noiva alegou que foi exposta nas redes sociais como uma “golpista”, e vai pedir indenização na justiça por danos morais.
Vídeos na íntegra
Veja abaixo os vídeos que a noiva Bruna Eloísa e a maquiadora Jey Abrantes publicaram em suas respectivas redes sociais:
