Menos conhecidas pela população, que está mais habituada à doação de sangue, as doações de plaquetas salvam vidas quando se trata da forma mais grave da dengue – também conhecida por dengue hemorrágica.
No Rio de Janeiro (RJ), o Instituto Hemorio está lançando uma campanha para incentivar esse tipo de doações. Com a alta dos casos de dengue, colocando a capital fluminense em estado de alerta, aumentou também a demanda por essas células do sangue que são responsáveis pelo processo de coagulação, controlando possíveis hemorragias. “A dengue geralmente vem acompanhada de queda na contagem de plaquetas. Nos casos graves pode haver também sangramentos, que às vezes são vultosos. Nessas situações de diminuição das plaquetas combinada com hemorragia, a transfusão de plaquetas pode ser muito necessária”, explica o diretor do Hemorio, Luiz Amorim.
A cidade já contabilizou 168 mil casos de dengue desde o início do ano. Antes da epidemia da doença, o Hemorio recebia uma média de quatro doadores de plaquetas por dia. Atualmente, no entanto, são necessários pelo menos 10 doadores diários para atender às demandas da rede hospitalar.
Diferenças e critérios
As plaquetas são estruturas do sangue que estão diretamente relacionadas à cicatrização de feridas e reparação de vasos sanguíneos, essenciais para a coagulação. Elas têm origem na medula óssea, e auxiliam o organismo a impedir hemorragias e sangramentos, além de auxiliar o sistema de defesa do corpo.
Como se trata de apenas um dos componentes saguíneos, para se obter uma bolsa com 200 ml de plaquetas são necessárias ao menos cinco doações de sangue. O processo de doação de plaquetas também é diferente da coleta nas doações comuns: o doador deve ser conectado a uma máquina, chamada aférese, para onde o sangue extraído da veia é enviado e filtrado, e apenas as plaquetas vão sendo extraídas. Depois, o sangue volta para o corpo do doador. Todo o processo dura, em média, uma hora.
“As doações de plaquetas são menos conhecidas pela população e costumam ser feitas por grupos de voluntários, com faixa etária média de 25 a 35 anos, que são convidados em função da regularidade com que procuram os hemocentros para doar sangue. Com a campanha [no RJ], queremos conscientizar também para a necessidade de doar plaquetas, que neste momento de epidemia de dengue é crucial”, afirma o diretor do Hemorio.
Para ser um doador de plaquetas, é necessário ter mais de 50 quilos, estar bem de saúde e ter 150 mil plaquetas no sangue, que são identificadas por meio de um hemograma realizado nos próprios hemocentros. Há restrições específicas para pessoas que contraíram dengue e tiveram quadros graves da doença: essas só podem doar plaquetas após um ano da contaminação. Já em casos leves, a espera é de 30 dias.
O valor de referência das plaquetas é entre 150.000 e 450.000/ mm³ de sangue. Valores acima ou abaixo podem ser indicativos de doenças. No caso da dengue grave, esse índice pode sofrer uma queda brusca, chegando a valores preocupantes, como 15.000 ou até menos. Esses pacientes são candidatos a receber transfusão de plaquetas.
Dengue no DF
O boletim epidemiológico atualizado pela Secretaria de Saúde nesta segunda-feira (1º) revela que a epidemia de dengue segue fazendo vítimas na capital do país: já foram registradas 205 mortes pela doença desde o início do ano, com outros 55 óbitos em investigação.
Até o momento, foram registrados 190.920 casos prováveis de dengue. As regiões administrativas de Brazlândia, Estrutural, Santa Maria e Ceilândia lideram o ranking do número de casos da doença.
Como parte das medidas emergenciais, o Governo do Distrito Federal está instalando novas tendas de acolhimento e hidratação para pacientes com dengue nas regiões do Gama, Guará e Planaltina. São estruturas atuando como hospitais de campanha, próximas a unidades de saúde, como hospitais, unidades de pronto-atendimento (UPAs) e UBSs.