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Maior desastre natural da história: sobe para 95 número de mortes no Rio Grande do Sul

07 de maio, 2024
4 minuto(s) de leitura
Imagem aérea de Canoas (RS)
Foto: Reprodução

O boletim mais recente da Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgou que 95 pessoas perderam a vida em consequência dos temporais e enchentes no estado. O desastre climático impactou diretamente cerca de 1,4 milhão de pessoas, levantando a maior crise humanitária da região. Além das vítimas fatais, a Defesa Civil reporta ainda 132 pessoas desaparecidas e 372 feridos, com a possibilidade desses números aumentarem à medida que as operações de busca e resgate continuam.

Entre os gravemente afetados, 48,8 mil pessoas estão classificadas como desabrigadas, ou seja, perderam suas casas e agora dependem de alojamentos oferecidos pelo governo. Adicionalmente, há cerca de 159 mil pessoas desalojadas, que tiveram que deixar suas residências devido à ameaça iminente das águas, e muitos estão se abrigando em casas de familiares ou amigos.

Cidades do RS completamente alagadas
Foto: Reprodução/ Rede X

A infraestrutura educacional também sofreu impactos severos, com 386 de um total de 790 escolas estaduais danificadas pelas chuvas. Isso levou à suspensão das atividades escolares, afetando mais de 273 mil alunos. Cinquenta e duas escolas estão sendo utilizadas como centros de abrigo temporário para acomodar os desabrigados, refletindo a extensão da emergência enfrentada pela região.

Os profissionais de saúde traçaram um paralelo alarmante entre as enchentes no RS com o furacão Katrina, que em 2005 devastou Nova Orleans e outras áreas nos Estados Unidos, destacando semelhanças como a falta de preparação para desastres naturais e a ausência de um sistema centralizado de decisões durante emergências. Eles destacam o “colapso nos hospitais” e as dificuldades enfrentadas pelas “equipes de saúde para chegarem aos locais de trabalho”, além da “escassez de medicamentos e outros insumos vitais”.

Estradas e aeroporto fechados

As águas do lago Guaíba tomaram saguões de espera e pistas de pouso do Aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre. As imagens impressionam. O terminal está fechado por tempo indeterminado, segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). A empresa que administra o aeroporto informou que, ao menos até o fim do mês de maio, todas as operações estão suspensas.

Imagens aéreas do aeroporto de Porto Alegre (RS)

Os passageiros que já tinham viagens aéreas marcadas com origem ou destino na capital gaúcha devem solicitar o reembolso ou remarcação junto às companhias aéreas.

Quanto ao transporte terrestre, ao menos 95 trechos de 41 estradas estão com bloqueios totais ou parciais.

Além disso, serviços essenciais, como distribuição de energia elétrica e água, estão sofrendo instabilidade. Há mais de 450 mil imóveis sem luz no estado, e 650 mil pontos sem abastecimento de água. Algumas operadoras de telefonia também não estão conseguindo oferecer a cobertura completa aos consumidores. Nos locais onde há sinal, as empresas liberaram pacotes de internet gratuitos para os clientes do Rio Grande do Sul, para facilitar a comunicação com parentes e equipes de socorro.

Alagamento do aeroporto de Porto Alegre
Foto: Reprodução/ Rede X

Novas tempestades

O governo do estado emitiu alertas para o risco de enchentes nos municípios ao redor da Lagoa dos Patos, após a água que inundou a região metropolitana de Porto Alegre começar a se deslocar em direção ao mar. O risco é ainda maior pela chegada de uma frente fria, que pode trazer mais chuvas e uma queda significativa nas temperaturas para o sul do estado.

As previsões meteorológicas indicam que as temperaturas podem cair para até 10°C, aumentando o risco de hipotermia para aqueles ainda isolados e sem acesso a abrigos adequados ou alimentos. Foi emitido um alerta de “perigo extremo” para o sul do estado, com risco de novos alagamentos generalizados, chuva de 100 mm, granizo e ventos de até 100 km/h. Parte dos moradores de algumas cidades já deixaram suas casas, e as prefeituras estão antecipando medidas de segurança.

Estado de calamidade

O Congresso Nacional finalizou a aprovação, nesta terça-feira (7), do Projeto de Decreto Legislativo que reconhece o estado de calamidade no Rio Grande do Sul até o dia 31 de dezembro. A proposta dá celeridade ao envio de recursos para o estado, permitindo maior flexibilidade na aplicação e uso de recursos financeiros, podendo inclusive ultrapassar o limite de gastos estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Imagens aéreas da cidade de Porto Alegre (RS)

O decreto vai permitir que o governo edite meditas provisórias para créditos extraordinários para o estado. Alguns parlamentares da base estimam que será preciso um investimento bilionário para reconstruir o Rio Grande do Sul.

Doações

A Defesa Civil do estado está coordenando uma operação extensa de ajuda, aceitando doações de itens essenciais na Central Logística de Porto Alegre. Além disso, em todo o país, há locais de pontos de coleta e mobilização pelas vítimas das enchentes.

A aeronave KC-30, da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou nesta terça-feira (7), da Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP), com destino à Base Aérea de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. O avião militar foi carregado com 34 toneladas de donativos, como fardos de água, cestas básicas, colchões, cobertores e medicamentos doados pela população de várias partes do país, para apoiar os esforços de socorro e assistência às pessoas atingidas pelas chuvas.

Os suprimentos foram doados na campanha da FAB “Todos Unidos pelo Sul”, lançada na última sexta-feira (3). As bases aéreas de São Paulo (Guarulhos-SP), do Galeão (Rio de Janeiro) e de Brasília (DF) centralizam as coletas dos suprimentos. Os pontos de arrecadação de roupas, colchonetes, água potável e alimentos não-perecíveis seguem ativos de 8h às 18h, diariamente.

Somente no primeiro dia de arrecadação na Base Aérea de Brasília, foram recebidas cinco toneladas de doações. A campanha de doações coordenada pela FAB faz parte da Operação Taquari II das três Forças Armadas, que desde 30 de abril inclui atividades de busca e resgate de vítimas das chuvas, distribuição de suprimentos e reconstrução de infraestruturas afetadas.

Mantimentos para desabrigados do RS
Foto: Reprodução/ Agência Brasil

Até o momento, o trabalho integrado de militares e civis no auxílio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul conta com 3.406 militares da Marinha, Exército e Aeronáutica, com um aparato de 15 helicópteros, um avião de carga, 243 embarcações e 2,5 mil viaturas e equipamentos de engenharia (civis e militares). O Ministério da Defesa estima que as operações de resgate conseguiram salvar 46 mil vidas.

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