Após detectar irregularidades, o governo federal, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), cancelou o leilão destinado à compra de arroz importado, conforme anunciado pelo presidente da Conab, Edegar Pretto.
Em resposta à situação, Pretto declarou que um novo leilão será realizado, prometendo uma abordagem reformulada para selecionar fornecedores com adequada capacidade técnica e financeira. “Pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para que a gente possa ter as garantias de que vamos contratar empresas que tenham capacidade técnica e financeira […]. A decisão é anular este leilão e proceder um novo mais ajustado, vendo todos os mecanismos possíveis para a gente contratar empresas com capacidade de entregar arroz com qualidade, a preço barato para os consumidores,” explicou o presidente da Conab.
O leilão inicial, que ocorreu na última quinta-feira (6) e envolvia a aquisição de 263 mil toneladas de arroz, levantou suspeitas após a participação de empresas aparentemente inexperientes no mercado de cereais. Essas empresas conseguiram arrematar lotes, o que causou preocupação quanto à integridade do processo.
As enchentes recentes no Rio Grande do Sul, que já havia colhido 80% de sua safra de arroz, precipitaram a decisão do governo de importar o grão em uma tentativa de prevenir uma escalada de preços e escassez.
A medida de anulação e a organização de um novo leilão contam com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme afirmado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. “O presidente Lula endossou a decisão de anular e convocar um novo leilão,” disse Teixeira. Além disso, o novo procedimento licitatório será fortalecido com a colaboração de órgãos de controle, como a Controladoria Geral da União, a Advocacia Geral da União e a Receita Federal, para verificar antecipadamente as qualificações das empresas participantes.
Queda de secretário
A crise também teve consequências políticas, resultando na demissão de Neri Geller, até então Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. A saída de Geller veio à tona após a descoberta de ligações entre uma das corretoras envolvidas no leilão e seu filho.
Em suas palavras, o ministro Fávaro esclareceu: “O secretário Neri Geller me comunicou, fez ponderação, quando o filho dele estabeleceu sociedade com esta corretora do Mato Grosso, ele não era secretário de política agrícola. Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas de fato gerou transtorno, e por isso colocou o cargo à disposição.”
O novo leilão visa não apenas atender à necessidade emergencial de arroz, mas também restaurar a confiança nas práticas de abastecimento do governo, sublinhando a importância de uma gestão transparente e responsável em operações de grande escala.