Em uma cerimônia marcada pela grandiosidade e por um rigoroso esquema de segurança, Paris inaugura os Jogos Olímpicos nesta sexta-feira (26). A abertura, realizada às margens do rio Sena, vai destacar a diversidade cultural e celebrar as diferenças, com artistas internacionais e atletas desfilando em embarcações.
Esquema de guerra
A segurança do evento envolveu medidas extraordinárias. O espaço aéreo foi fechado em um raio de 150 quilômetros ao redor de Paris, exceto para helicópteros de vigilância. Em terra, 45 mil policiais e soldados, incluindo forças de 43 países, garantem a segurança. Serão utilizados ainda equipamentos sofisticados, como fuzis anti-drones e sonares para detectar explosivos no rio Sena. Mais de 80 embarcações de patrulha e barreiras náuticas com redes complementam as medidas.
A cerimônia de abertura é a mais ambiciosa da história olímpica, realizada fora de um estádio e estendendo-se por seis quilômetros ao longo do rio Sena. Thomas Jolly, diretor artístico da cerimônia, comparou o conceito a “desdobrar um estádio como papel”.
Jolly, renomado por suas produções teatrais elaboradas de Shakespeare, como uma versão de 18 horas de “Henrique 6º”, promete entregar o melhor de seu estilo visualmente criativo para a cerimônia. Embora muitos detalhes tenham sido mantidos em segredo, os ensaios ao ar livre já deram uma ideia do que os 320 mil espectadores presenciais e mais de 1 bilhão de telespectadores virtuais podem esperar. O evento vai durar três horas e 45 minutos, tendo início às 19h30 no horário local – 14h30 no horário de Brasília.
Desfile de embarcações
O desfile conta com cerca de 85 embarcações, dependendo da participação dos atletas, que somam aproximadamente 7.000 dos 10,5 mil competidores. O Brasil terá sua própria embarcação, e a ordem do desfile segue a tradição olímpica, respeitando a ordem alfabética em francês, com a Grécia abrindo o evento e a França fechando.
As margens do Sena foram decoradas com adereços gigantescos, típicos do estilo de Jolly. Doze “quadros” ao longo do percurso vão mostrar aspectos da cultura e história francesas, com jogos de luzes desempenhando um papel central. A Torre Eiffel, naturalmente, será uma das protagonistas.
A cerimônia busca fugir dos clichês e celebrar a diversidade, com contribuições da escritora de ascendência marroquina Leïla Slimani e do historiador Patrick Boucheron. A escolha da cantora Aya Nakamura, nascida no Mali, para interpretar clássicos da “chanson française”, gerou polêmica entre os conservadores, mas foi defendida pelo presidente Emmanuel Macron.
A participação de Céline Dion, que enfrenta problemas de saúde, promete ser um dos momentos mais emocionantes. Outros artistas cogitados incluem Snoop Dogg, Lady Gaga, Dua Lipa, Rihanna, Tom Cruise, Bradley Cooper e Marion Cotillard. A cerimônia terá 98% de apresentações ao vivo e 2% pré-gravadas.
Cerca de cem chefes de Estado e de governo são esperados, apesar de algumas ausências notáveis. O Brasil e os EUA serão representados pelas primeiras-damas Janja Lula da Silva e Jill Biden, respectivamente. O líder chinês Xi Jinping será representado pelo vice Han Zheng, e o presidente ucraniano Volodimir Zelenski afirma que não irá comparecer.
Tocha Olímpica
A identidade do último portador da tocha olímpica é mantida em segredo até o final. A favorita a acender a pira é a ex-corredora Marie-José Pérec, ganhadora de três medalhas de ouro. Outra possibilidade pode ser o ex-jogador de futebol Zinedine Zidane, herói da Copa do Mundo de 1998, apesar de nunca ter participado de uma Olimpíada.