Débora Oliveira
Com a chegada das altas temperaturas e o clima seco, agravado pela presença de fumaça decorrente das queimadas, os cuidados com a saúde bucal ganham ainda mais importância. Esse cenário, comum em várias regiões do país durante o período de seca, não afeta apenas o sistema respiratório, mas também traz sérios riscos à saúde da boca, como aponta a dentista e coordenadora do curso de Odontologia da Faculdade Aria, Maria Leticia Bucchianeri.
Segundo a especialista, o clima seco é um fator que favorece o ressecamento das mucosas bucais, aumentando a predisposição ao acúmulo de placa bacteriana, o que pode levar a problemas como cáries, gengivites e até infecções mais graves. “O clima seco favorece o ressecamento das mucosas bucais, o que pode levar ao acúmulo de placa bacteriana sobre os dentes”, explica Maria Leticia. O ressecamento, por sua vez, facilita a proliferação de bactérias na cavidade oral, agravando o risco de complicações odontológicas.
Para prevenir esses problemas, a dentista reforça a importância de uma hidratação constante. “Beber água com maior frequência é fundamental para manter essas mucosas hidratadas e reduzir esse risco”, orienta a especialista. A hidratação correta não só ajuda a manter a boca úmida, como também auxilia no controle da proliferação de bactérias e no equilíbrio do ambiente bucal, prevenindo doenças.
Além dos efeitos diretos na boca, a baixa umidade e o aumento de infecções respiratórias também afetam a saúde bucal. Maria Leticia ressalta que durante quadros de gripe, resfriado ou sinusite, comuns nesse período, muitas pessoas tendem a respirar pela boca devido à congestão nasal, o que intensifica o ressecamento das mucosas. “Durante esses quadros, é comum que as pessoas respirem mais pela boca devido à congestão nasal, o que intensifica o ressecamento da boca e, consequentemente, a proliferação de bactérias”, destaca.
Nesse contexto, o uso de umidificadores de ar em ambientes fechados e a adoção de hábitos simples, como lavar as mãos com frequência e o uso de máscaras durante sintomas gripais, são medidas que podem contribuir para evitar o agravamento tanto de doenças respiratórias quanto bucais. “Essas ações ajudam a prevenir complicações que podem afetar a saúde bucal e respiratória”, orienta Maria Leticia.
Outro aspecto que merece atenção especial durante o período de seca é o cuidado com os lábios. O ressecamento labial é comum, e quando os lábios racham, tornam-se uma possível porta de entrada para infecções. A dentista alerta para o uso constante de protetores labiais. “Lábios rachados podem ser uma porta de entrada para infecções, por isso, o uso de protetores labiais deve ser frequente, especialmente durante esses períodos de seca intensa”, enfatiza.
Além da hidratação e do uso de protetores, outro cuidado relevante apontado pela dentista está relacionado ao consumo de certos alimentos e bebidas. Bebidas com alto potencial de manchar os dentes, como café e vinho tinto, devem ser consumidas com moderação, especialmente em períodos de clima seco. “Com as mucosas mais secas, os dentes ficam mais vulneráveis a manchas e acúmulo de resíduos”, explica Maria Leticia. A recomendação, portanto, é evitar o consumo excessivo desses líquidos e redobrar os cuidados com a higiene bucal.
Em suma, com a combinação de altas temperaturas, baixa umidade e a fumaça das queimadas, a saúde bucal exige atenção redobrada. A prevenção passa por medidas simples, mas eficazes, como a hidratação constante, o uso de umidificadores de ar, o cuidado com os lábios e a moderação no consumo de bebidas pigmentadas. Manter essas práticas durante o período de seca pode evitar complicações e garantir uma saúde bucal equilibrada, mesmo em condições adversas.
