A expectativa do GDF é vacinar grávidas e puérperas, na campanha de imunização contra a Covid-19, a partir da próxima semana. A informação foi confirmada à coluna Grande Angular pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
“Já tratei do assunto com o secretário de Saúde e a gente espera, já nos próximos lotes – acho que a partir da próxima semana –, conseguir vacinar as grávidas. Nesse caso, com doses que não sejam da AstraZeneca, porque parece que a vacina causou algumas reações. Então, temos que ter doses de outras vacinas”, disse Ibaneis.
Na avaliação de Ibaneis, com o avanço da vacinação nos próximos meses e a previsão de imunizar 70% da população até outubro, seria possível estimar que as pessoas voltariam a conviver normalmente até o fim deste ano.
Até segunda-feira (14/6), 782.763 pessoas receberam a primeira dose de vacina na capital do país, o que representa 33,89% da população com 18 anos ou mais. A segunda dose foi aplicada em 327.448 cidadãos – 14,18% dos que podem ser imunizados.
Ao falar sobre a Covid-19, Ibaneis revelou que tomou azitromicina e ivermectina durante o tratamento contra a doença, em setembro do ano passado, conforme indicação da equipe médica: “Só não me passaram a cloroquina, até porque eu não tive nenhuma reação mais grave”.
Ibaneis citou seu próprio caso, ao comentar que a Covid-19 é uma doença relativamente desconhecida e para a qual ainda não há protocolo de tratamento comprovadamente eficaz.
Ibaneis que o DF não vai ficar para trás na corrida entre os estados para vacinar suas populações. Ibaneis rebateu as críticas de que está demorando para avançar no esquema de imunização. Ele defendeu que a capital federal optou pela “prudência”, ao reservar duas doses para garantir a proteção contra a Covid-19 de todos aqueles que tomaram a primeira dose da vacina.
Confira a entrevista com Ibaneis
Ibaneis, o senhor está preparado para falar na CPI da Covid?
Embora eu goste bastante de falar – esta é minha natureza e faz parte da minha área de formação –, não acredito que tenha muito a colaborar no escopo da comissão. O que podemos fazer, estamos providenciando; o que depende de governo federal, estamos aguardando; e problemas que foram, eventualmente, apontados estão em apuração.
O senhor vai recorrer à Justiça para não ter de comparecer à CPI?
Obrigar um governador de Estado a falar é inconstitucional. Agora e no passado, ministros do Supremo já demonstraram que esta medida rompe com princípios constitucionais, como o que estabelece a separação entre os Poderes. Acho que o certo seria convite aos governantes.
Neste caso, o senhor falaria na CPI?
Convite a gente aceita ou não aceita.
Como o senhor avalia os resultados da CPI até agora?
Acho que essa CPI é muito mais programática do que uma CPI que vai trazer grandes resultados. Na minha visão, o que a CPI tem analisado são: omissões que podem ter ocorrido no governo Jair Bolsonaro, através de seus assessores do Ministério da Saúde e das Relações Exteriores; a aquisição de vacinas; e questões ligadas à utilização de medicamentos que não têm comprovação de eficácia.
A respeito da cloroquina, o que estão analisando é se houve indução do presidente da República e do ministro da Saúde no sentido de transformar esse tratamento em oficial, e isso é muito difícil de se comprovar. E, mesmo que seja transformado em oficial, você não consegue identificar a prática de nenhum crime. Então, acho que a CPI vai ter que aprofundar muito e mudar o estilo, para que possa trazer algum efeito concreto no âmbito da saúde.
O senhor acha que os governos enfrentaram corretamente a pandemia?
Ninguém conhecia a fórmula do tratamento da Covid. Não tem fórmula pronta. O vírus é novo, vem com potencialidade muito grande, com novas cepas, e isso tudo traz muita discussão no âmbito da medicina. Nós, que estamos aqui na posição de governantes, de Executivo, muitas vezes a gente fica sem saber como tomar as melhores decisões. No início da pandemia, a orientação era de fechar tudo, para evitar a transmissão do vírus e abrir mais leitos. Quais os medicamentos que deveriam ser utilizados? No meu tratamento, o médico indicou azitromicina e ivermectina. E eu tomei.
O senhor tomou cloroquina?
Não, não me passaram a cloroquina, até porque eu não tive nenhuma reação mais grave. O que se faz é seguir as orientações médicas. Eu acho que todos nós que estamos no Executivo, tanto eu quanto os demais governadores, ouvimos sempre as áreas técnicas, mas ninguém pode tirar do horizonte que essa é uma doença nova, que não se aprendeu muito sobre ela. Ainda vamos ter que estudar bastante.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) valorizou mais o tratamento precoce do que a aquisição da vacina. Acha que o governo federal apostou errado?
Existe uma medicação que alguns diziam que poderia servir como remédio, e tinha a promessa de vacina que estava em desenvolvimento. Não posso julgar o presidente em relação a essa questão. Se eu estivesse na posição dele, talvez acreditasse nas duas coisas naquele momento: na vacina e na cloroquina, porque era o que tínhamos.
A partir do momento em que os pedidos das vacinas foram protocolados na Anvisa, vi uma agilidade muito grande na aquisição dos imunizantes. Agora, fica essa discussão: poderia ter feito a reserva antes? As vacinas poderiam ter chegado primeiro? Se tivessem chegado, nós estaríamos em uma situação bem melhor. Mas foi uma opção de governo.
O senhor mantém a previsão de vacinar 70% da população do DF até outubro?
O ritmo de entrega das doses de vacina vem se mantendo, pelo menos nas últimas quatro semanas. Isso nos dá uma projeção de que, até setembro/outubro, a gente terá em torno de 70% da população adulta toda vacinada, o que nos alegra muito, porque nós sabemos a importância dessa vacinação e temos que diminuir o índice de internação.
Será possível retomar as aulas presenciais na rede pública a partir de agosto?
Já destinei, junto com o secretário de Saúde, a vacina que está chegando da Janssen. Por ser uma dose só, fizemos opção de destiná-la para todo o pessoal da educação, de modo que a gente possa abrir as escolas no mês de agosto.
Estamos próximos do ponto em que não será necessário agendamento para vacinação contra Covid-19?
Ainda não. Nós temos uma população muito grande e existem algumas questões que são um pouco falhas. Retiramos da Codeplan estatísticas sobre as faixas etárias. Mas, quando se trata de comorbidades e de outras categorias, existe um percentual de erro nesse cálculo. Então, por enquanto, o cadastramento é importante para que a gente possa organizar essas filas e não haja nenhum tipo de tumulto.
As coisas estão ocorrendo dentro da tranquilidade. As pessoas vão aos postos de vacinação e têm um período de espera que não é tão demorado. Quando a gente puder acumular mais doses de vacina, vamos liberar a imunização sem o agendamento.
O GDF vai fazer busca ativa das pessoas que não estão indo se vacinar?
Vamos ter que fazer, primeiro, um estudo, talvez alguma pesquisa, para saber por qual motivo as pessoas não estão indo se vacinar. A gente pode trabalhar com isso, mas ainda temos um público grande que está procurando as vacinas. Eu senti uma determinada escolha de vacina pela população, principalmente neste último mês, quando começaram a chegar doses de outros laboratórios. Isso vem gerando uma desinformação da população e eu até já pedi ao nosso pessoal de comunicação para fazer um trabalho no sentido de evitar o “sommelier de vacina”.
Há previsão de quando as grávidas e puérperas serão vacinadas?
A expectativa é, a partir da próxima semana, vacinar grávidas e puérperas. Já tratei do assunto com o secretário de Saúde e a gente espera, já nos próximos lotes – acho que a partir da próxima semana –, conseguir vaciná-las. Nesse caso, com doses que não sejam da AstraZeneca, porque parece que a vacina causou algumas reações. Então, temos que ter doses de outras vacinas.
É possível estimar quando voltaremos a uma “vida normal”?
É uma certeza com determinado nível de dúvida, porque estão aparecendo novas cepas da Covid; o resultado da vacina em relação a elas está entrando em fase de teste agora; e as pessoas estão vendo quanto tempo vai durar a imunização. Tudo isso são variantes que vamos avaliar ao longo do tempo. Não dá para cravar, mas temos expectativa muito forte – pelo resultado que a vacina tem trazido à população, inclusive de outros países que a gente observa, como é o caso dos Estados Unidos e da Inglaterra – de voltar a uma vida normal até o fim do ano.
O senhor tem sido muito criticado pela demora na vacinação. O DF caiu no ranking das unidades federativas (UFs) que mais vacinam. O que houve?
Fizemos uma opção pela prudência. A gente sabia que precisaríamos da segunda dose e não fiz igual a governadores de alguns estados – sem qualquer tipo de crítica a nenhum eles – que aplicaram todas as doses de uma vez, porque estavam buscando imunização mais rapidamente. Sabemos que isso gerou alguns problemas.
Mas, aqui, fizemos opção pela prudência, seguindo regras do Ministério da Saúde e do Plano Nacional de Imunização. Isso colocou o DF em uma posição que não é entre os primeiros, mas estamos mantendo uma constância e a população já sente isso. Não acho que houve nenhum erro. Em pouco tempo, vamos estar avançando muito bem com essa vacinação. Veja São Paulo, por exemplo, que está vacinando pessoas de 58 e 59 anos. No Distrito Federal, a campanha já abrange pessoas de 50 anos.