fbpx
Hospital Veterinário StarVet

Mulher de 64 anos presa por injúria racial recusou pedir desculpas

30 de julho, 2021
2 minuto(s) de leitura
Mulher foi detida na quarta-feira e liberada no mesmo dia, depois de pagar fiança de R$ 1 mil. Foto: Reprodução/Redes Sociais
Mulher foi detida na quarta-feira e liberada no mesmo dia, depois de pagar fiança de R$ 1 mil. Foto: Reprodução/Redes Sociais

A mulher, de 64 anos, presa pela Polícia Militar por injúria racial contra o idoso negro José Barbosa dos Santos, 70, na quarta-feira, perto do Taguatinga Shopping, se recusou a pedir desculpas a ele. É o que relata a policial militar que deu voz de prisão à acusada, que foi solta no mesmo dia após pagar fiança de R$ 1 mil. A soldado Carla Costa recorda que estava fazendo caminhada com a mãe quando viu a confusão.

“Ao vê-la o agredindo, não sabia do que se tratava. Resolvi ir até eles e me identifiquei como policial militar para auxiliá-los, e ele [filho do idoso] me contou o que tinha ocorrido. Pedi para ela se acalmar, mas a mulher ficou o tempo inteiro dizendo palavras de baixo calão e dizendo que não pediria desculpas, quando chegou um sargento do Corpo de Bombeiro para conter [a situação]. Ela tentou agredir a gente xingando todo mundo de vagabundo. Foi acionado o 17º Batalhão de Polícia Militar de Águas Claras, que chegaram rapidamente”, relata. Pela agressão ao bombeiro, ela também responderá por vias de fato.

Mulher não foi identificada

Mulher foi detida na quarta-feira e liberada no mesmo dia, depois de pagar fiança de R$ 1 mil. Foto: Reprodução/Redes Sociais
Mulher foi detida na quarta-feira e liberada no mesmo dia, depois de pagar fiança de R$ 1 mil. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Depois de ser levada à 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), a mulher foi liberada após pagar fiança no valor de R$ 1 mil. Familiares de José Barbosa registraram boletim de ocorrência na unidade. Nas imagens gravadas pela família do idoso, é possível ver quando a acusada passa pelo grupo, xinga, empurra o idoso e bate com uma bolsa nas pessoas que o acompanhavam. “Essa negrada do inferno, vai tudo pro inferno”, insulta a mulher. Antes do ocorrido, Alcides dos Santos, 39, filho de José, dizia na filmagem que o pai é pintor há mais de 40 anos, ao olhar para alguns equipamentos utilizados na reforma do centro comercial. Neste momento, a mulher passou perto deles e proferiu as ofensas. “[Uma testemunha] Percebeu que a agressora apresentava uma conversa desconexa”, explicou, em nota, a Polícia Civil do DF.

A militar Carla Costa comenta que jamais passou por uma ocorrência parecida. “Preconceito igual a esse não. Ela empurrar, sem nenhum motivo, a pessoa e a xingar de ‘negra do inferno’ é abominável a qualquer ser humano. Ela batia no sargento dos Bombeiros com chutes. Como ela estava sozinha, solicitei para que ela ligasse para alguém ajudá-la, mas ela se negou”, conta a policial. “Peço às pessoas que vejam esse tipo de atitude que repudiem, filmem, peçam ajuda da Polícia Militar, que estará pronta para auxiliar e repudiar qualquer tipo de racismo ou injúria racial”, aconselha a militar

Crime

Segundo a advogada Uiara Brauna, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, Subseção de Águas Claras da OAB-DF, o caso se trata de racismo, e não de injúria racial, conforme a Polícia Militar considerou na ocorrência. “A prática de racismo é inafiançável e imprescritível, ou seja, não constitui fiança e não prescreve, de acordo com o art 5º da Constituição Federal, sujeito à pena de reclusão. Entretanto, equivocadamente, foi entendido que se tratava de injúria racial, não de crime de racismo. Existe uma prática errônea e grave ao tratar o racismo como injúria racial”, analisa.

A advogada, que também é membro da Comissão de Igualdade Racial OAB-DF, explica a diferença entre injúria racial e racismo. “Na injúria racial, a ofensa é direcionada a um indivíduo específico. Já no crime de racismo, a ofensa é contra uma coletividade, por exemplo, toda uma raça. Não há especificação do ofendido, é o direcionamento que diferencia.”

Fonte: Pedro Marra, Correio Braziliense.

Em destaque