Nesta quinta-feira (2), a greve dos servidores da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) completa 137 dias desde seu início, em 19 de abril. Anteriormente, a maior paralisação da categoria havia sido em 2019, quando durou 77 dias. Próximo de dobrar o recorde de tempo em greve, a situação continua sem previsão de solução.
Por parte dos metroviários, as principais reivindicações são a retomada do auxílio-alimentação, de R$1,2 mil, do plano de saúde dos servidores e o cumprimento da decisão judicial de 2019. O dissídio coletivo está em análise no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-010), mas sem data para julgamento.
Segundo Hugo Lopes, da Secretaria de Relação Sindical do SindMetrô/DF, a situação não mudou nos últimos quatro meses, já que não houve avanço nas negociações, e por isso aguarda a definição na Justiça. “É um fato lamentável que o governo federal não dispõe de pessoas para uma situação dessas, que poderia ter sido resolvida lá no início. Nessa greve nós não pedimos um centavo de aumento, só pedimos para manter o que nós tínhamos e a renovação do acordo coletivo”, disse.
Lopes também ressaltou que a situação hoje é crítica, visto que o Sindicato não está recebendo a contribuição sindical e alguns colegas estão recebendo 70 reais de salário. Ainda de acordo com o representante do SindMetrô, em nenhum momento houve diálogo entre as partes, o que diz ser uma postura infeliz do GDF, que seria o único responsável pela manutenção da greve.
Por sua vez, o governador Ibaneis Rocha (MDB), afirma desde o início que “a greve é uma greve política”, tendo em vista que o desejo do governante é a concessão do metrô para a iniciativa privada.
Frota do metrô
Durante a paralisação, 80% da frota circula em horários de pico, enquanto 60% funciona nos horários de menor movimento. Em meio às divergências entre o Sindicato dos Metroviários e o Metrô, a população se encontra com menos opções dentro do transporte público, o que gera uma maior aglomeração de pessoas nos ônibus ou nos vagões de metrô que continuam em circulação.
A rotina do estudante Victor Henzo Lima de Sousa, de 21 anos, morador de Samambaia, foi muito impactada devido à paralisação, visto que depende do serviço de segunda a domingo. Pelos vagões estarem mais cheios, o alerta de aglomeração e o perigo contra o vírus da Covid-19 também são outros fatores que atrapalham o cotidiano. “Trens lotados, demorados e lentos, que deveriam ser a exceção, tornaram-se a regra. A greve tira a fluidez do sistema e, invariavelmente, proporciona maiores aglomerações. Isso representa muito perigo para quem não tem alternativa a não ser utilizar o transporte público”, alerta o estudante.
Assim como Victor, o estudante Vinicius Barbalho Varela, de 18 anos, morador de Águas Claras, também utiliza o metrô diariamente. Para ele, além dos atrasos proporcionados pela redução de vagões, o cuidado com a pandemia é algo que deve ser mais levado em consideração. “A greve, além de reduzir o número de funcionários trabalhando na limpeza dos vagões, diminui a quantidade de trens disponíveis para as viagens, entretanto, os usuários não diminuem na mesma proporção da paralisação, e acaba ocorrendo a superlotação de quase todos os trens nos horários de pico, fato que dificulta o combate à proliferação do vírus” reforça.
A reportagem procurou o Metrô-DF para dar mais informações sobre o ocorrido, porém não houve resposta.