Com as comemorações de fim de ano, o comércio do Distrito Federal espera gerar entre 1,8 mil e 2 mil vagas temporárias de emprego, a fim de atender a demanda de consumo esperada para o período. De acordo com pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio-DF), das 512 empresas ouvidas pela federação, 18,36% pretendem contratar temporários. Quem já conseguiu uma dessas vagas no mercado sonha com a contratação definitiva em 2022.
Sebastião Abritta, vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), afirma que de 10% a 20% das vagas temporárias devem se transformar em contratações definitivas no início do próximo ano. “A expectativa para agora é melhor do que a do ano passado. Devido ao avanço da vacinação e às baixas taxas da pandemia de covid-19”, diz. Ele explica que, com menos restrições, o consumidor tende a realizar compras presencialmente, o que gera demanda por atendimento e mão de obra. “Cargos de balconista, estoquista e caixa devem estar em alta”, comenta.
Thaís dos Santos, 29 anos, estava em busca de um emprego há quatro meses. Moradora do Novo Gama, no Entorno do DF, ela diz que ficou muito feliz quando foi aceita na vaga temporária aberta por uma loja de roupas localizada na quadra 305 da Asa Sul. “Estava precisando muito desse dinheiro. Quando fiz a entrevista e vi que tinham gostado de mim, fiquei muito feliz”, conta. Ela afirma que, assim como a maioria dos temporários, sempre teve o desejo de ser efetivada. “É o que todo mundo quer”, completa.
Caio César Silva, 24, é gerente de uma loja de vestuário há mais de um ano. Para o fim de ano, ele abriu quatro vagas temporárias. “Unimos o útil ao agradável. Pessoas que precisam de emprego e dinheiro extra e nós que necessitamos de mão de obra para suprir a demanda”, diz. Ele afirma que ainda está em fase de entrevistas e que está em busca de candidatos com vontade de trabalhar. “Se a pessoa realmente quer trabalhar, se vai ter compromisso com a loja, idoneidade e compatibilidade com nossos valores, sempre há possibilidade de efetivação”, completa Caio.
O presidente da Fecomércio, José Aparecido, explica que a Black Friday, Natal e ano-novo trazem grandes retornos para os setores de vendas. “Natal é a melhor época para o comércio. No ano passado, a perspectiva não era tão boa por causa da pandemia, mas, este ano, temos vacinação, fim de restrições e a dinâmica deve ser muito melhor”, afirma. Segundo uma pesquisa conduzida pela federação, o setor de eletrônicos deve gerar a maior média de vagas, com cinco vagas por empresa. Em seguida aparecem padarias e bares, restaurantes e lanchonetes, com 4,5 e 3,67 vagas por empresa, respectivamente.
Sara Severina da Silva, 28, mora na Cidade Ocidental e estava há quatro anos desempregada. Neste fim de ano, ela foi contratada como temporária em um restaurante da Asa Norte. Segundo ela, o dinheiro extra vai ajudar no dia a dia. “Vai me ajudar a pagar as contas e também trazer algum lazer”, diz. No mesmo restaurante, Maick Silva, 18, também conseguiu uma vaga temporária. Ele estava em busca de contratação há oito meses e diz que a pandemia foi um período conturbado. “Foi um pouco mais complexo, mas, no final, deu certo”, afirma. Sobre a nova renda, ele diz que o apoio é bem-vindo. “Ajuda a colocar em ordem o que ainda falta”, afirma sobre a renda. Assim como outras pessoas, o morador de Santa Maria entrou na vaga com a esperança de ser efetivado no futuro.
Sobre a possível permanência no emprego, o especialista em empreendedorismo, Flavio Mikami explica que, para ser reconhecido mesmo em vaga temporária, é preciso se destacar. “Se você for chamado para uma, entenda as necessidades que a empresa tem além da vaga que lhe chamaram. Tire da sua cabeça a ideia de que foi contratado para tal função. Se pensar desse jeito, a hora que sua função não for mais necessária, você será descartado”, afirma. A ideia seria mostrar que a empresa é melhor com o funcionário temporário. “Torne-se peça fundamental para a empresa”, completa.
Requisitos para vagas
Ainda segundo a pesquisa da Fecomércio, o maior requisito básico para o preenchimento de vagas é o comportamento proativo. Cerca de 24,7% dos empregadores analisam essa característica na hora de contratar. A flexibilidade de horário e disponibilidade em tempo integral também aparecem entre os requisitos. Quanto às características comportamentais elencadas para o futuro funcionário, as cinco principais citadas pelos entrevistados na pesquisa foram: cordialidade e respeito, pontualidade, saber ouvir, responsabilidade e ética.
Rita Brum, mestre em psicologia e especialista em carreiras, explica que os empregadores costumam observar esses requisitos durante as entrevistas. “É muito importante que o candidato seja maduro na vida e nas redes sociais, que é uma coisa que os empregadores observam muito”, detalha. Ela também cita que a sinceridade em responder as perguntas para o empregador é essencial. Além disso, ela alerta para a importância de não entender as negativas como pontos ruins. “Sempre há um aprendizado por trás de cada processo”, completa.
Como preparar um bom currículo
“O currículo deve ser sucinto para que o entrevistador tenha interesse em olhar. No máximo duas páginas, com dados pessoais muito atualizados para que haja possibilidade de contato imediato.O básico é: nome, e-mail, telefone, idade e onde mora; a formação de escola e nível superior se houver ou se estiver em andamento; as empresas em que trabalhou, com mês e ano de início e fim da experiência; e cursos relacionados com a área de atuação. Não é preciso foto, pois sobrecarrega o arquivo.
O avaliador observa se a pessoa é estável nos empregos por qual passou e se tem habilidades necessárias para compor a equipe da loja em questão. Então, as informações acima, bem direcionadas, fazem com que o candidato seja visível e tenha mais chances de avançar para a próxima etapa. Não colocamos competências no currículo, pois isso é algo medido pelo processo seletivo.
Para quem está desempregado, a dica é procurar vagas, mas sem atirar para todos os lados. É focar em coisas coerentes com a experiência e formação, pois é isso que os avaliadores buscam. Ou seja, mande o currículo para todas as vagas que tenham aderência com sua experiência. Uma vez selecionada, a pessoa entra na vaga e a performance fica por conta dela. É disso que vai depender a efetivação.”
Sérgio Alves Garcia, gerente executivo de RH