O primeiro dia de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) será no domingo (5), quando os participantes terão de responder questões objetivas de linguagens e de ciências humanas, além da redação. No segundo dia do exame (12 de novembro) serão aplicadas provas de matemática e ciências da natureza.
São quase 4 milhões de inscritos, e os candidatos terão cinco horas e trinta minutos para fazer as provas. Os portões abrem às 12h e fecham às 13h em ponto, com o exame começando às 13h30. Todas as informações sobre locais de prova e demais regras estão na Página do Participante.
As notas das provas podem ser usadas para concorrer a vagas no ensino superior público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior pelo Programa Universidade para Todos (ProUni), ou nos financiamentos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), além de vagas em instituições estrangeiras que têm convênio com o Inep.
A reforma do Novo Ensino Médio, no entanto, traz uma série de transformações que prometem redefinir a educação, preparando os jovens de maneira mais eficaz para os desafios do século 21. Naturalmente, essas mudanças têm implicações diretas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deverá passar por adaptações para se alinhar às novas diretrizes educacionais nos próximos anos.
Soft skills e flexibilidade
À medida que o Novo Ensino Médio incentiva os alunos a se especializarem em itinerários formativos de seu interesse, que são a parte flexível do currículo, o Enem terá o desafio de criar mecanismos de avaliação que sejam capazes de cobrir tanto o conhecimento geral, quanto o específico adquiridos pelos estudantes. Isso pode levar a uma espécie de ‘personalização’ do exame, oferecendo módulos distintos que reflitam as escolhas dos candidatos.
Além disso, o foco da reforma educacional na aquisição de competências e habilidades do dia a dia (soft skills) em detrimento da memorização mecânica de conteúdo pressiona o Enem a enfatizar ainda mais a aplicação prática do conhecimento. O exame já é conhecido por sua abordagem que valoriza habilidades de raciocínio e compreensão, mas essa tendência pode se intensificar.
A flexibilidade também é uma palavra-chave do Novo Ensino Médio, sugerindo que o Enem também possa adotar formatos mais adaptáveis à jornada educacional de cada candidato. A prova poderia, eventualmente, acompanhar o progresso do aluno por meio de avaliações modulares ou contínuas ao longo do ensino médio, de maneira mais personalizada.
A interdisciplinaridade proposta pela reforma requer que o Enem promova a integração de conhecimentos de diversas áreas, levando os estudantes a resolver problemas complexos que não se limitam a uma única disciplina. As questões do exame podem se tornar exemplos de como diferentes campos do saber se entrelaçam na prática.
Essa evolução do exame vai impactar também a preparação dos estudantes para o Enem. Escolas e cursos preparatórios terão que reestruturar suas metodologias de ensino, priorizando habilidades de pensamento crítico e projetos interdisciplinares.
As universidades que se valem do Enem para seleção enfrentarão o desafio de reajustar seus critérios de admissão, possivelmente adotando um modelo de avaliação que considere um espectro mais amplo de habilidades e experiências dos candidatos.
Inclusão e diversidade
Com a flexibilização do currículo, o Enem também pode se tornar um instrumento mais inclusivo, oferecendo formas diversificadas de avaliação que considerem os diferentes contextos e realidades dos estudantes brasileiros. A tendência é que o exame possibilite que todos tenham oportunidades iguais de demonstrar seus conhecimentos e talentos.
O Novo Ensino Médio é uma ponte para uma abordagem educacional mais atualizada e relevante, e o Enem está destinado a cruzar essa ponte, tornando-se um exame que não só avalia conhecimento, mas também prepara e reconhece os jovens para o mundo que os espera. As mudanças devem ser implementadas com cautela, assegurando que a transição beneficie a todos os estudantes e mantenha a equidade no processo educacional.
O Projeto de Lei 5230/23, de autoria do poder executivo, que propõe as mudanças do Novo Ensino Médio, está em análise no Congresso Nacional.