Nesta segunda-feira (1º/7), o dólar registrou uma alta expressiva, e encerrou o dia cotado a R$ 5,6527, o maior valor desde 10 de janeiro de 2022, quando a moeda americana era negociada a R$ 5,6742. A valorização ocorre em um cenário de incertezas fiscais no Brasil, e coincide com declarações do presidente Lula sobre o Banco Central.
Em entrevista à rádio Princesa, de Feira de Santana (BA), Lula criticou a atual gestão do Banco Central e sugeriu mudanças para o futuro. “Como pode o presidente da República ganhar as eleições e, depois, não poder indicar o presidente do Banco Central? Ou, se indica, ele tem uma data. Estou há dois anos com o presidente do Banco Central do Bolsonaro. Então, não é correto isso”, declarou o presidente, referindo-se a Roberto Campos Neto.
Guilherme Morais, analista da VG Research, associou a alta do dólar às declarações de Lula. “Essa visão mais intervencionista e de menos liberdade ao Banco Central deixa o mercado com dúvidas”, afirmou.
Outro fator que influenciou o mercado foi a divulgação do Relatório Focus pelo Banco Central. O documento, que reúne projeções de instituições financeiras, mostrou uma revisão nas estimativas para o dólar até 2027. Para 2024, a previsão subiu de R$ 5,15 para R$ 5,20, e para 2025, a expectativa passou de R$ 5,15 para R$ 5,19.
Nos Estados Unidos, juros elevados têm atraído investimentos, o que impacta a cotação do dólar. Taxas de juros mais altas levam capital para o mercado americano, reduzindo a oferta de dólares no Brasil e pressionando a cotação para cima.
O mercado também está atento ao cenário fiscal brasileiro. Na semana passada, o resultado consolidado do setor público mostrou um déficit maior do que o esperado, alimentando preocupações sobre a saúde fiscal do país.
Além disso, o novo Boletim Focus indicou que as estimativas para a inflação foram elevadas pela oitava semana consecutiva, de 3,98% para 4%.
No mercado internacional, os investidores estão de olho na economia dos Estados Unidos. Dados do Departamento do Comércio mostraram uma queda inesperada nos gastos com construção em maio, impactada por taxas de hipoteca mais altas, o que afetou a construção de residências unifamiliares. O setor manufatureiro também registrou contração pelo terceiro mês consecutivo, com o índice caindo de 48,7 para 48,5 em junho.
O início das reservas das ações de privatização da Sabesp também está no radar dos investidores, sinalizando movimentos importantes no mercado financeiro.