O último sábado (7) foi marcado como um dos dias mais sangrentos em Israel após décadas. Nas primeiras horas da manhã, o grupo extremista islâmico Hamas deu início a disparos de foguetes de vários locais de Gaza para dentro de Israel. Por terra, cerca de 300 combatentes palestinos também iniciaram a ofensiva. Vários civis e militares foram mantidos reféns dentro de casa, e outras centenas de pessoas foram sequestradas e levadas para o território palestino.
Após o ataque reivindicou a autoria do ataque. Em nota, o grupo extremista informou: “decidimos pôr fim a todos os crimes da ocupação [israelense], o seu tempo de violência sem responsabilização acabou”. Afirmaram ainda que “anunciamos a Operação Dilúvio de al-Aqsa e disparamos, no primeiro ataque de 20 minutos, mais de 5 mil foguetes”. O Hamas informou ainda que a captura de reféns é para que eles sejam “trocados” pelos prisioneiros palestinos em cadeias israelenses.
Vítimas incontáveis
Após os ataques de sábado, o número de vítimas em Israel não para de subir, e já passa de 1.200 pessoas, entre mortos e feridos. No domingo (8), foram retirados mais de 250 corpos do local onde acontecia uma festa rave brasileira quando começaram os ataques do Hamas.
O governo israelense declarou que o país está oficialmente em guerra, e anunciou a “tomada de medidas militares significativas”. Ainda no domingo, as Forças de Defesa de Israel atingiram pelo menos 10 locais em Gaza, no território palestino. Entre eles, a sede de inteligência do Hamas, dois bancos e um complexo militar usado pelas forças aéreas do grupo. Após o contra-ataque de Israel, as autoridades de Gaza contabilizam mais de 400 mortos, incluindo civis e até crianças.
Resgate de brasileiros
O governo brasileiro reservou seis aeronaves da FAB para fazer a repatriação dos brasileiros em Israel e na Palestina que desejam voltar ao país. A embaixada brasileira em Tel Aviv já colheu os dados de cerca de mil brasileiros hospedados em Tel Aviv e em Jerusalém interessados em voltar ao Brasil. A maioria é formada por turistas que estão em Israel – inclusive um grupo de 30 pessoas que são do DF.
Em nota, o Itamaraty diz que segue acompanhando a situação dos turistas e das comunidades brasileiras na região. A estimativa é que 14 mil brasileiros vivem em Israel, e 6 mil na Palestina, a grande maioria fora da área afetada pelos ataques.
Uma das aeronaves já saiu do Brasil nesse domingo (8) com destino a Roma, na Itália, onde vai aguardar por orientações do aeroporto de Tel Aviv para trazer os brasileiros que tentam sair da zona de conflito. Até o momento, há três brasileiros desaparecidos e um ferido, que já se recupera bem.
Na noite de domingo, a bandeira de Israel foi projetada na cúpula do Senado, no prédio do Congresso Nacional, em sinal de solidariedade aos israelenses após o ataque surpresa do Hamas.
Região em guerras constantes
Os conflitos entre Israel e Palestina já duram quase um século. A rivalidade começou com o crescimento da população judia na Palestina, em meados da década de 1930, e desde então há uma disputa pelo território, por motivos religiosos, políticos e geográficos.
Em 1947, a recém-criada Organização das Nações Unidas propôs a criação de dois Estados na Palestina, um judeu e um árabe, comandado por governantes britânicos. A proposta foi aceita por líderes judeus, mas rejeitada pelo lado árabe, e sem capacidade de resolver a situação os britânicos deixaram a região e o Estado de Israel foi proclamado por líderes judeus em 1948. Isso, no entanto, gerou revolta entre os palestinos, dando início aos conflitos armados.
Em 1967 houve a Guerra dos Seis Dias, em que Israel saiu vitorioso e tomou a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, onde estão santuários venerados por cristãos, judeus e muçulmanos, além da Faixa de Gaza, que na época era administrada pelo Egito. Em 2005, Israel se retirou da Faixa de Gaza, hoje controlada pelo movimento islâmico Hamas, que tem como objetivo principal promover a luta armada e a retomada do território de Israel. O grupo é uma das maiores organizações islâmicas nos territórios palestinos, e é considerado terrorista por Israel e outras potências mundiais, como Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido.