O Ministério da Saúde anunciou que vai focar na vacinação de crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos contra a dengue. A estratégia envolve a aquisição de 5,2 milhões de doses da vacina Qdenga, produzida pela empresa japonesa Takeda, complementadas por doações. Isso permitirá a vacinação de cerca de 3 milhões de pessoas, considerando que cada uma precisará de duas doses.
Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), destacou que essa faixa etária foi selecionada seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização, que se reuniu recentemente. “Nosso objetivo é identificar o segmento mais efetivo dentro desse grupo para reduzir hospitalizações e óbitos,” afirmou Gatti.
Agora, será feita uma reunião até o fim deste mês de janeiro para decidir sobre os grupos prioritários dentro dessa faixa etária, e as áreas a serem atendidas primeiro. O Ministério vai ouvir os governos estaduais e municipais para montar a estratégia de imunização.
A previsão é que a campanha de vacinação comece em fevereiro. O Ministério da Saúde já havia anunciado a inclusão da Qdenga no programa do Sistema Único de Saúde (SUS) em 21 de dezembro. O Brasil se torna, assim, o primeiro país a oferecer a vacina através de um sistema de saúde público e universal.
A Qdenga, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é destinada à prevenção da dengue em pessoas de 4 a 60 anos, independente de terem sido infectadas anteriormente pela doença ou não.
O imunizante se destaca por ser o primeiro contra a dengue no Brasil disponível também para quem nunca foi exposto ao vírus. A vacina é administrada em duas doses, com um intervalo de três meses entre cada uma, e é composta por quatro sorotipos do vírus. Por enquanto disponível apenas na rede particular, o preço varia entre R$ 300 e R$ 400 cada dose.
Antes da Qdenga, a única vacina contra a dengue disponível no Brasil era a Dengvaxia, da Sanofi Pasteur. Contudo, essa vacina é recomendada apenas para quem já foi infectado pelo vírus da dengue, pois protege contra infecções subsequentes, que podem ser mais graves e potencialmente fatais.
Casos aumentam
Em 2023, o Brasil registrou um número recorde de mortes por dengue, com 1.079 óbitos até 27 de dezembro. A OMS aponta o Brasil como líder mundial em casos de dengue, representando metade dos casos em todo o mundo. Alertas já foram emitidos sobre uma possível epidemia em 2024, com mais de 10 mil casos reportados apenas nos primeiros dez dias do ano.
No DF, a governadora em exercício, Celina Leão, reconheceu que há uma epidemia de dengue. De acordo com o boletim epidemiológico mais recente, a capital do país registrou 2.152 casos prováveis da doença na primeira semana de 2024.
Uma das estratégias adotadas para reduzir a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, é aplicação do fumacê. Essa semana, até sábado (20), a ação vai passar por pelo menos 11 regiões administrativas.