O acidente aconteceu por volta das quatro e meia da tarde desta sexta-feira (17), na linha férrea do SIA, no cruzamento do Setor de Inflamáveis. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, uma mulher de 37 anos que estava no ônibus morreu na hora.
Testemunhas filmaram o momento exato da colisão (vídeo abaixo). As imagens impressionam pelo impacto e pelo sinal sonoro de alerta que o trem emite na tentativa de evitar o acidente. O ônibus atravessava a linha férrea em baixa velocidade. Segundo motoristas que estavam ao redor, o veículo já estava em movimento quando o sinal fechou, e não conseguiu sair a tempo, sendo atingido em cheio.
O trem de carga era composto por 102 vagões carregados de bauxita, minério que é a fonte natural do alumínio. O Corpo de Bombeiros atendeu a ocorrência, e cinco pessoas foram transportadas para o Hospital de Base – duas delas em estado gravíssimo.
O motorista do ônibus teve ferimentos leves, mas precisou de atendimento médico pois estava em estado de choque. Posteriormente, ele foi levado para a 5ª Delegacia de Polícia, no Plano Piloto, para prestar depoimento. O cruzamento das vias foi totalmente interditado para o atendimento e perícia.
Ônibus era da Marechal
Em nota, a Auto Marechal lamentou “profundamente o acidente ocorrido”, e informou que os assistentes sociais e psicólogos da empresa “estão comprometidos em acompanhar de perto o caso, assegurando toda a assistência necessária às vítimas e seus familiares”.
A companhia disse ainda que vai colaborar “integralmente com as investigações em andamento”, e que está aguardando o resultado da perícia para esclarecer os detalhes desse “trágico acidente”.
Apoio às vítimas
A vice-governadora do DF, Celina Leão, usou as redes sociais para lamentar o acidente e informar que o governo vai prestar todo o apoio possível às vítimas e seus familiares. Quanto à mulher que morreu no momento da batida, o enterro será custeado pelo GDF.
Em nota, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) também lamentou o acidente e expressou solidariedade às vítimas e familiares. A agência informou que fez uma análise prévia das imagens da colisão, e que foi possível “observar que o coletivo avançou a passagem em nível sem atentar para a sinalização do local e para os avisos de emergência emitidos pela composição ferroviária”.
A ANTT acionou a concessionária Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) para que sejam apuradas as responsabilidades do acidente. A FCA terá um prazo de 30 dias para apresentar um laudo à agência, apontando as causas da batida.
Segurança nas linhas férras
Como medidas de segurança, as passagens em nível – que são os cruzamentos ferroviários com estradas e ruas – contêm os elementos necessários para a sinalização e alerta aos pedestres e condutores. Além disso, segundo a ANTT, há procedimentos rigorosos em que o maquinista deve reduzir a velocidade, acender os faróis e acionar o sinal sonoro.
A segurança nas linhas férreas é um aspecto crucial para evitar acidentes e garantir o funcionamento eficiente dos serviços de transporte ferroviário. Alguns pontos-chave sobre segurança e protocolos de travessia segura são:
- Sinalização e Barreiras: As passagens em nível devem ter sinalização adequada e, quando necessário, barreiras para impedir a travessia quando um trem se aproxima.
- Educação Pública: Campanhas de conscientização sobre os riscos de atravessar trilhos de forma imprudente são essenciais.
- Vigilância e Controle: Em algumas áreas, é essencial ter vigilância para monitorar e controlar o acesso às linhas férreas.
- Manutenção de Trilhos e Equipamentos: Uma manutenção regular é fundamental para garantir que os sistemas de alerta e sinalização funcionem corretamente.
As causas mais comuns de acidentes como esse que ocorreu no SIA são: falhas humanas, falhas técnicas, manutenção inadequada e condições meteorológicas adversas. Como medidas preventivas, as concessionárias têm recorrido à tecnologia de detecção, como sistemas de controle automático de trens com identificação de obstáculos.
Acidentes no Brasil
Até abril de 2023, esses foram alguns dos acidentes notáveis envolvendo linhas férreas no país:
- Rio Grande do Sul, 2013: Um dos acidentes mais graves ocorreu em novembro daquele ano, quando um ônibus escolar foi atingido por um trem em uma passagem em nível, resultando na morte de pelo menos oito pessoas, incluindo crianças. A causa foi atribuída à falta de sinalização adequada.
- São José do Rio Preto, 2015: Em agosto de 2015, um trem de carga descarrilou em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. O acidente causou danos significativos à infraestrutura, mas felizmente não houve vítimas fatais. As investigações apontaram que o descarrilamento pode ter sido causado por falha na manutenção dos trilhos.
- Americana, 2018: Em fevereiro daquele ano, um acidente envolvendo uma colisão de um trem com um veículo em uma passagem de nível em Americana, também no interior de São Paulo, resultou em ferimentos graves no motorista do veículo. O acidente foi atribuído à imprudência do motorista, que ignorou a sinalização de alerta.
- Rio de Janeiro, 2019: Em fevereiro de 2019, dois trens de passageiros colidiram na estação São Cristóvão, na capital fluminense, deixando mais de 150 pessoas feridas. A investigação apontou para um possível erro humano ou falha no sistema de sinalização como causa do acidente.
Os acidentes realçam a necessidade contínua de investimentos em infraestrutura ferroviária, formação de pessoal e educação do público sobre a segurança nas ferrovias. Como desafio para o futuro, as concessionárias terão de integrar novas tecnologias para melhorar a segurança, ao mesmo tempo em que se mantém a infraestrutura existente.
Vale lembrar que as práticas e regulamentações podem variar significativamente de país para país. A cooperação internacional e o compartilhamento de melhores práticas são fundamentais para melhorar a segurança ferroviária em todo o mundo.