Juliana Curi
Considerado um ‘forasteiro libertário’, Javier Milei, 53 anos, economista e deputado, venceu as eleições na Argentina prometendo uma mudança radical para corrigir décadas de má gestão política. O apelo ressoou em uma população que enfrentava – e enfrenta – uma economia instável, um colapso monetário prolongado e uma das maiores taxas de inflação do mundo.
Com 93% dos votos contados no segundo turno, Milei obteve 56%, derrotando o atual ministro da Economia do país, Sergio Massa, da coalizão peronista de esquerda, que obteve 44% dos votos. O resultado confere a Milei um mandato de quatro anos para implementar suas propostas, incluindo a troca do peso pelo dólar americano e o encerramento do Banco Central, além de cortes drásticos nas despesas públicas.
No entanto, as medidas, consideradas de choque, propostas por Milei geram incerteza. Dolarizar uma economia de US$ 622 bilhões, com reservas internacionais esgotadas, é visto por alguns economistas como arriscado, podendo levar a um surto de hiperinflação.
A escolha dos argentinos por uma mudança radical, em vez da continuidade oferecida por Massa e pelo movimento peronista, reflete a dor causada pela inflação galopante, que atingiu 143%, prejudicando o poder de compra dos cidadãos.
Agora, a atenção se volta para a implementação das medidas ousadas de Milei, que terá de enfrentar um Congresso fragmentado e um eleitorado impaciente, com mais de 40% vivendo abaixo do limiar da pobreza.
Milei assumirá o cargo em 10 de dezembro, data em que a Argentina comemora 40 anos de democracia. Em um discurso emocionado após a divulgação do resultado das eleições, ele mencionou a reconstrução da Argentina. “Quero dizer a todos os argentinos e a todos os dirigentes políticos que todos aqueles que quiserem se somar à nova Argentina serão bem-vindos. Não importa de onde venham, não importa o que disseram antes, que diferenças tenhamos. Tenho certeza de que é mais importante o que nos une do que o que nos separa”, disse.
