O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (25) a confirmação de duas mortes por febre do oropouche na Bahia, marcando a primeira vez que casos fatais da doença foram registrados no mundo. As vítimas eram duas mulheres, ambas com menos de 30 anos e sem comorbidades, residentes do interior do estado. Apesar de a febre do oropouche poder levar a complicações graves como meningite ou encefalite, os casos severos são raros.
A febre do oropouche é transmitida principalmente pelo mosquito conhecido como “maruim” ou “mosquito-pólvora” e apresenta sintomas semelhantes aos da dengue, porém geralmente de menor gravidade. As mulheres vítimas da doença apresentaram sintomas que se assemelhavam aos de um quadro grave de dengue.
Os óbitos ocorreram em maio e junho deste ano, mas foi necessário realizar diversos exames para confirmar a causa das mortes. A Bahia enfrenta atualmente um surto da doença, com 835 casos confirmados desde março, segundo a Secretaria de Saúde do estado (Sesab).
Casos em investigação
Em 2024, o Brasil registrou 7.236 casos de febre do oropouche, distribuídos por 20 estados, com maior incidência no Amazonas e em Rondônia. O Ministério da Saúde está investigando uma morte suspeita pela doença em Santa Catarina, e descartou uma morte no Maranhão. Em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde analisa se a infecção pode ter causado a interrupção de quatro gestações.
A detecção de casos da doença foi ampliada em 2023, quando o ministério disponibilizou novos testes diagnósticos para a rede nacional, permitindo que casos fossem identificados além da região Norte.
Entenda a doença
A febre do oropouche é transmitida principalmente por mosquitos, que adquirem o vírus ao picar uma pessoa ou animal infectado, e depois o transmitem a outros humanos. O ciclo de transmissão é dividido em silvestre e urbano. No ciclo silvestre, animais como bichos-preguiça e macacos são portadores do vírus, e mosquitos como Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus podem ser vetores, mas o principal transmissor é o Culicoides paraensis, o “maruim”.
No ciclo urbano, humanos são os principais portadores, com o maruim sendo novamente o vetor principal, e o mosquito Culex quinquefasciatus, comum em áreas urbanas, também podendo transmitir o vírus ocasionalmente.
Os sintomas da febre do oropouche incluem dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia, semelhantes aos da dengue e chikungunya. Não há tratamento específico para a febre do oropouche; recomenda-se repouso, tratamento sintomático e acompanhamento médico. A vigilância epidemiológica é crucial para o controle da doença, permitindo a detecção de surtos e diagnósticos diferenciais com outras arboviroses.
Risco de epidemia é baixo
Especialistas afirmam que, embora haja preocupação com a transmissão local da doença, o risco de um surto nacional é baixo neste momento. A doença, causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), pode ser de difícil diagnóstico clínico, justamente por ter sintomas semelhantes a outras enfermidades. Apesar disso, o risco de surtos fora da região Norte, onde já houve registros anteriores, é considerado baixo.
Segundo infectologistas, é fundamental monitorar a doença para detectar e prevenir surtos, especialmente fora das áreas endêmicas. As autoridades de saúde também enfatizam a importância da vigilância epidemiológica e das medidas de prevenção, como evitar áreas com muitos mosquitos, usar roupas protetoras e aplicar repelente, além de manter o ambiente limpo e livre de focos de proliferação de mosquitos.