A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro enviou nesta quarta-feira (27) um ofício ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, afirmando que seria “ilógico” sugerir que ele pediria asilo político ou estaria fugindo de investigações durante o período em que ficou hospedado na embaixada da Hungria, em Brasília, no mês passado.
As especulações começaram depois que o jornal americano The New York Times revelou, com imagens, que Bolsonaro passou duas noites na embaixada da Hungria quatro dias após a Polícia Federal reter seu passaporte em uma das operações que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.
O ministro Alexandre de Moraes, que é relator da investigação, deu um prazo de 48 horas para o ex-presidente se explicar sobre a estadia na embaixada. Isso porque, pelas regras internacionais, a área da embaixada é inviolável pelas autoridades brasileiras, e, dessa forma, Bolsonaro estaria imune ao eventual cumprimento de algum mandado de prisão.
Em ofício enviado pela defesa de Bolsonaro, os advogados afirmaram que ele tem amizade com autoridades húngaras, e que foi para a embaixada tratar de temas políticos. No documento, os advogados disseram que é “ilógico” considerar que o ex-presidente pediria asilo político para a embaixada, já que Bolsonaro não tinha preocupação com eventual prisão.
“Diante da ausência de preocupação com a prisão preventiva, é ilógico sugerir que a visita do peticionário à embaixada de um país estrangeiro fosse um pedido de asilo ou uma tentativa de fuga. A própria imposição das recentes medidas cautelares tornava essa suposição altamente improvável e infundada”, afirmou a defesa.
Os advogados também afirmaram que o ex-presidente sempre manteve proximidade com as autoridades húngaras, e rechaçaram as teorias sobre um eventual pedido de asilo diplomático.
“São, portanto, equivocadas quaisquer conclusões decorrentes da matéria veiculada pelo jornal norte-americano, no sentido de que o ex-presidente tinha interesse em alguma espécie de asilo diplomático, conclusão a que se chega bastando considerar a postura e atitude que sempre manteve em relação as investigações a ele dirigidas”, completou a defesa.
Vale lembrar que o primeiro-ministro da Hungria, Victor Orbán, esteve na posse do ex-presidente em 2018. Em 2022, Bolsonaro visitou Budapeste, capital húngara, e foi recebido por Orbán. Além disso, ambos trocam constantes elogios públicos, deixando bem claro se tratarem de aliados políticos.
Hospedagem
A publicação do jornal norte-americado analisou as imagens das câmeras de segurança da embaixada da Hungria, além de imagens de satélite, que mostram que Bolsonaro chegou no dia 12 de fevereiro à tarde e saiu no dia 14, também no período vespertino.
As imagens (vídeo abaixo) mostram que a embaixada estava praticamente vazia, exceto por alguns diplomatas húngaros que já residem no local. Segundo o NY Times, os funcionários estavam de férias e a estadia de Bolsonaro ocorreu durante o feriado de carnaval.