Em um dia marcado pelo nervosismo nos mercados doméstico e internacional, o dólar comercial fechou esta sexta-feira cotado a R$ 5,588, atingindo o maior valor em dois anos e meio. A moeda norte-americana registrou uma alta de R$ 0,081, ou 1,46%, em relação ao fechamento anterior. Durante o dia, a cotação chegou a atingir R$ 5,59, consolidando um aumento de 6,47% somente em junho e acumulando um avanço de 15,15% no primeiro semestre de 2024.
O euro comercial também apresentou valorização, encerrando o dia a R$ 5,98, próximo da marca de R$ 6 pela primeira vez desde fevereiro de 2022.
Desempenho da Bolsa
O mercado de ações brasileiro teve um dia de ajuste após dois dias consecutivos de alta. O índice Ibovespa, principal indicador da B3, fechou em queda de 0,32%, aos 123.911 pontos. Apesar do recuo diário, o índice acumulou um ganho de 1,49% no mês de junho. No entanto, no acumulado do ano, a bolsa registra uma queda de 7,65%.
Fatores internos e externos
A volatilidade do mercado foi influenciada por uma série de fatores tanto internos quanto externos. Nos Estados Unidos, dados indicaram uma desaceleração da inflação ao consumidor em maio, inicialmente animando os investidores. Porém, as taxas dos títulos do Tesouro norte-americano voltaram a subir após a divulgação de um índice de confiança ao consumidor menor do que o esperado. Juros elevados em economias avançadas pressionam o dólar em mercados emergentes, como o Brasil.
No cenário doméstico, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticando a Taxa Selic de 10,5% ao ano repercutiram negativamente entre os investidores. Além disso, o déficit primário de R$ 63,9 bilhões registrado pelo setor público em maio, influenciado pela antecipação do décimo terceiro salário da Previdência Social, também contribuiu para a tensão no mercado.
A forte demanda de dólares no último dia útil do semestre, impulsionada por multinacionais remetendo lucros ao exterior, tradicionalmente pressiona a cotação da moeda norte-americana, contribuindo para a alta observada nesta sexta-feira.
Perspectivas
Analistas apontam que a volatilidade deve continuar presente nos mercados nos próximos meses, com os investidores atentos tanto às políticas econômicas domésticas quanto às movimentações nos mercados internacionais. A dinâmica entre a inflação, taxas de juros e o desempenho das principais economias globais seguirá sendo um fator determinante para o comportamento do câmbio e da bolsa de valores no Brasil.