O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na última quarta-feira (28/8) uma nova estimativa sobre a população brasileira, que atualmente soma 212.583.750 habitantes. Esse número representa um crescimento de 4,7% em relação ao ano anterior, quando o país contava com 203.080.756 habitantes. No entanto, os dados também revelam uma desaceleração significativa no ritmo de crescimento populacional, refletindo tendências demográficas mais amplas e mudanças estruturais na sociedade brasileira.
O Brasil tem testemunhado uma desaceleração no crescimento populacional ao longo dos últimos anos. De acordo com o IBGE, essa desaceleração é um reflexo de dois fenômenos principais: a queda na taxa de natalidade e o envelhecimento da população. A taxa de natalidade tem diminuído, o que significa que cada vez menos crianças estão nascendo, enquanto a expectativa de vida tem aumentado, resultando em uma população mais velha.
Marcio Minamiguchi, gerente de Projeções e Estimativas Populacionais do IBGE, observa que “ao longo de vários anos, municípios acabaram superando a marca dos 500 mil habitantes. Embora os maiores centros urbanos não apresentem o mesmo crescimento de antes, ainda têm um forte peso demográfico”. Essa desaceleração é visível nas principais cidades e estados do país, onde o crescimento populacional está se tornando mais lento e desigual.
O estado de São Paulo continua sendo o mais populoso do país, com 46 milhões de habitantes, representando 21,6% da população brasileira. A concentração demográfica em São Paulo reflete um processo de urbanização e crescimento desproporcional que tem ocorrido ao longo das décadas. Minas Gerais, o segundo estado mais populoso com 21 milhões de habitantes, e o Rio de Janeiro, com 17 milhões, têm uma densidade demográfica menor em comparação a São Paulo.
A distribuição da população também revela uma concentração significativa em grandes centros urbanos. Os 15 municípios que possuem mais de 1 milhão de habitantes, dos quais 13 são capitais, concentram cerca de 20,1% da população total do Brasil. Entre esses, São Paulo lidera com aproximadamente 11,9 milhões de habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro com cerca de 6,7 milhões. Brasília, com quase 3 milhões de habitantes, ocupa o terceiro lugar no ranking.
Em contraste, 26 municípios têm menos de 1.500 habitantes, representando apenas 0,02% da população total. Entre as menores cidades estão Borá (SP), com 928 habitantes, Anhanguera (GO), com 921, e Serra da Saudade (MG), com 854.
Os números apresentados pelo IBGE têm implicações importantes para as contas públicas e para o Fundo de Participação de Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, administrado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A mudança na população afeta o cálculo deste fundo, que é crucial para a distribuição de recursos financeiros entre os estados e municípios.
Além disso, a estimativa destaca o fim iminente do Bônus Demográfico. Este fenômeno ocorre quando a proporção da população em idade ativa é maior do que a de crianças e idosos, oferecendo uma oportunidade para o crescimento econômico. Entretanto, o Bônus Demográfico está começando a se esgotar antes mesmo de 2030, quando a parcela de idosos começará a superar a de jovens. Isso implicará em maiores desafios para a previdência social e os gastos em saúde.
Na semana passada, o IBGE também projetou que a população brasileira atingirá o pico em 2041, com 220.425.299 habitantes. A partir de então, espera-se que a população comece a diminuir, alcançando 199.228.708 até 2070. Esse cenário sugere que, em menos de duas décadas, o Brasil enfrentará um crescimento negativo, com mais mortes do que nascimentos e um envelhecimento acelerado da população.
Contexto global e desafios futuros
Atualmente, o Brasil é a sétima nação mais populosa do mundo, superando países com grandes extensões territoriais como a Rússia e o Canadá. No entanto, está atrás de países como Índia, China, Estados Unidos, Indonésia, Paquistão e Nigéria. Essa posição global ressalta a importância do Brasil no cenário demográfico mundial, ao mesmo tempo em que apresenta desafios significativos relacionados ao crescimento populacional e à gestão dos recursos sociais.
A desaceleração do crescimento populacional e o envelhecimento da população brasileira são questões cruciais para o futuro do país. As mudanças nas dinâmicas demográficas exigem uma adaptação das políticas públicas e uma revisão dos modelos de financiamento e de suporte social. A análise e o planejamento estratégicos serão essenciais para enfrentar os desafios que surgem com essas novas realidades demográficas.