A força-tarefa de Carnaval montada pelo GDF para fiscalizar o cumprimento do decreto que proibia eventos com aglomerações na capital terminou o feriado com 86 estabelecimentos interditados, 68 multas aplicadas e 23 notificações. Os trabalhos ocorreram entre a noite de sexta-feira (25/2) e a madrugada de quarta (2/3).
Coordenada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), a ação reuniu integrantes do DF Legal, polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Detran-DF, Instituto Brasília Ambiental, Procon e Vigilância Sanitária.
Além dos fechamentos de bares e casas de festa que ignoravam as normas vigentes, foram abordados também veículos no trânsito. Ao todo, a fiscalização flagrou 1.114 condutores dirigindo embriagados e outros 619 usando celular ao volante. Seis foram encaminhados à delegacia por recusa do bafômetro.
Também foram registrados 79 condutores dirigindo sem habilitação, 16 autuações por falta de cadeirinha infantil e 22 por alteração no escapamento de motos. Com relação a abordagens pessoais, a PMDF apreendeu 476 comprimidos de ecstasy e Rohypnol e 53 kg de outras substâncias entorpecentes, como cocaína e maconha.
Entre os roubos e furtos, foram 144 veículos e 44 celulares recuperados. Houve a apreensão também de 49 armas brancas e 39 de fogo.
Blocos travestidos de protesto
O principal problema enfrentado pela Força-tarefa foram os blocos de Carnaval que ocorreram no DF dizendo que seriam, na verdade, um protesto. Depois de alguns dias ocorrendo sem nenhuma responsabilização, o DF Legal interrompeu um bloco e um baile de Carnaval na madrugada desta terça-feira (1º/3).
No bloco organizado na Galeria dos Estados, na Asa Sul, músicos tiveram cinco instrumentos de percussão apreendidos e a multidão foi dispersada. Os instrumentistas não foram multados, mas reclamam de atuação truculenta. Já na festa, que ocorreu em Santa Maria, os organizadores foram multados em mais de R$ 8 mil.
Veja momento em que DF interditou as comemorações de Carnaval:
Em Brasilia, essa noite a PM cercou e multou músicos e apreendeu seus instrumentos. Alguém sabe de algum outro lugar em que tenha acontecido uma arbitrariedade assim nesse carnaval? pic.twitter.com/cJIzbeN7yD
— Gabriel S. Elias (@gabrieleliasdf) March 1, 2022
No último domingo, foliões promoveram um “protesto carnavalesco” para driblar as regras sanitárias estabelecidas para frear uma nova onda da pandemia de Covid-19 no DF. Por conta do episódio, a secretaria informou que passaria a multar os músicos presentes nas manifestações. Segundo o DF Legal, nenhuma manifestação disfarçada de folia estava autorizada pelos atuais decretos vigentes.
Durante o fim de semana, ao menos, dois blocos de Carnaval se organizaram para protestar contra as restrições impostas pelo GDF.
Sem máscaras e segurando faixas de “Fora Bolsonaro”, os presentes dizem que não se caracterizam como um bloco de Carnaval, mas como uma forma de “manifestação”. “Se você for em bares fechados, está muito mais cheio que aqui. É um local aberto, mas como tem muita gente gera uma espécie da aglomeração. Carnaval sempre é resistência”, frisou uma foliã que preferiu não se identificar.
Fonte: Matheus Garzon, Metrópoles