O número de estagiários que ajudam no sustento da família cresceu durante a pandemia de Covid-19. Segundo pesquisa feita pelo Ibope Inteligência e divulgada nesta quinta-feira (17), o total passou de 66%, em 2019, para 70% em 2020 – uma alta, portanto, de quatro pontos percentuais.
O levantamento do perfil de estagiários do Brasil foi feito a pedido do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). De acordo com a superintendente nacional de operações do instituto, Mônica Vargas, o aumento no índice está diretamente ligado à pandemia, desde quando surgiram os primeiros casos no país, em fevereiro de 2020.
A pesquisa também mostra que aumentou a quantidade de estagiários que são os únicos responsáveis pelo sustento na família. Entre 2019 e 2020, o número passou de 6% para 9%. Para Mônica, o uso de boa parte da bolsa-auxílio para esse fim “preocupa”.
“Muitos pais e familiares perderam os postos de trabalho e estão desempregados. A partir disso, a gente começa a perceber que a responsabilidade do estudante passa também a ter influência na renda familiar”, disse.
O estudo ainda mostra como os estagiários avaliados gastam a própria bolsa. Ao todo, o estudo entrevistou 6.634 pessoas de organizações públicas e privadas. A maioria dos gastos é com as despesas em casa, como o pagamento de contas de água e energia, e alimentação.
Além disso, segundo o levantamento, o percentual de estagiários que não ajudam no sustento familiar caiu de 27%, em 2019, para 21%, em 2020.
Perfil dos estagiários
Dos entrevistados 65% estudam em instituições particulares e 35% pública. Desses, 11% fazem cursos técnicos e 89% superior.
No país, a renda média da bolsa dos estudantes é de R$ 895,22, e o tempo médio de permanência nos postos é de 16 meses. Sobre a renda familiar dos estagiários, a maioria (30%) recebe até R$ 1.996. Em seguida, estão pessoas que ganham até R$ 2.994 (20%) e R$ 4.990 (13%).
Outros pontos avaliados são as atividades das empresas com os estudantes em relação à pandemia. Segundo a pesquisa, 54% dos estagiários permaneceram nas empresas e 46% fizeram trabalho remoto no ano passado.
Quem executou as atividades em casa, 16% do total não conseguiram trabalhar, porque não tinham as ferramentas necessárias em casa para desenvolver as funções.
Além disso, segundo os estagiários entrevistados, 98% das empresas determinavam uso obrigatório de máscara e o mesmo percentual fornecia álcool em gel na própria empresa. Os estudantes também informaram que 87% das organizações garantiam o distanciamento social e 86% higienizavam as áreas comuns.
Fonte: Walder Galvão, G1 DF