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Vizinha diz que creche onde bebê morreu recebia até 100 crianças

22 de outubro, 2021
2 minuto(s) de leitura
Um dos investigadores do caso classificou a Creche da Tia Cleidinha, em Planaltina, como um "depósito de crianças". Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
Um dos investigadores do caso classificou a Creche da Tia Cleidinha, em Planaltina, como um "depósito de crianças". Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Após ser interditada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), a Creche da Tia Cleidinha, em Planaltina, amanheceu fechada nesta sexta-feira (22/10). Até a quinta (21), o espaço seguia em funcionamento, mesmo após a morte da bebê Amariah Noleto, 6 meses, no dia anterior.

A tragédia assustou a vizinhança. De acordo com a representante comercial Edileuza Lopes Souza, 44 anos, a creche funcionava havia 2 anos no espaço. “Todo dia, era a mesma rotina: as crianças entravam e ficavam o dia todo. Observei que é muita criança, na faixa de umas 80 a 100 por dia”, contou. “O movimento começa às 6h e, às vezes, encerrava às 20h”, detalhou uma moradora, que não quis se identificar.

Veja imagens do local:

Creche na região de Vila Buritis, em Planaltina, onde um bebê de 6 meses morreu
Creche da Tia Cleidinha, em Planaltina, amanheceu fechada nesta sexta-feira (22/10). Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
Creche na região de Vila Buritis, em Planaltina, onde um bebê de 6 meses morreu
A creche fica na Vila Buritis, em Planaltina Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
Creche na região de Vila Buritis, em Planaltina, onde um bebê de 6 meses morreu
Investigador classificou a creche como “depósito de crianças”. Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

“Pegou todos de surpresa. Quando vi a notícia, não acreditei que fosse aqui”, disse a vizinha.

Outra moradora também confirmou a grande movimentação de crianças no local. “Já havia alertado para ela [dona da creche] que era uma casa pequena para muita criança”, contou.

Os relatos da vizinhança reforçam a avaliação de um policial civil que atuou nas diligências da investigação da causa da morte de Amariah. Ao Metrópoles, ele classificou a creche em que a bebê estava como “depósito de crianças”. Segundo os agentes, o local é insalubre para o cuidado de pessoas tão novas.

Creche clandestina

Segundo testemunhas, a Creche da Tia Cleidinha, localizada na Vila Buritis, abrigava cerca de 40 crianças, mas tinha apenas um berço para todas elas. O leito dos pequenos era dividido por lençóis, para que mais de uma criança conseguisse dormir ao mesmo tempo.

Os bebês eram colocados em sacos de dormir sem aberturas, que impediam a movimentação dos braços e o quarto era trancado. “Uma sala de 13 metros com mais de 30 crianças, vários dormindo no chão, em bebê-conforto, tudo muito insalubre”, descreveu o agente ao Metrópoles. O estabelecimento cobrava dos pais R$ 300 por mês para que os pequenos ficassem lá em tempo integral.

Ainda segundo as testemunhas, Amariah foi encontrada de bruços dentro do berço. “Tudo indica que a criança virou de bruços e o pano caiu sobre o rosto dela. Ela ficou no saco sem poder se mexer, passou mal e não recebeu nenhum atendimento”, destacou o investigador.

Ainda de acordo com os agentes, os médicos que atenderam o bebê no Hospital Regional de Planaltina (HRP) contaram que a criança chegou à unidade de saúde com palidez acentuada. Como o hospital da região não fica distante de onde funciona a creche, os investigadores acreditam que as cuidadoras demoraram a ver que Amariah passava mal.

Os policiais aguardam o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para determinar a causa da morte. A previsão é que o resultado saia nesta sexta-feira. A 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), que investiga o caso, autuou uma funcionária, identificada como Marina Pereira da Costa, por omissão de vigília e cuidado. A acusada vai passar por audiência de custódia nesta sexta.

Questionado se a creche funcionava de forma regular, o Governo do Distrito Federal (GDF) informou que a instituição não é cadastrada junto à Secretaria de Educação.

Fonte: Marcus Rodrigues, Metrópoles

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