Cinco homens trabalhavam no local quando ocorreu o acidente. Dois dos operários não resistiram
Dois homens morreram, nesta quarta-feira (28/9), após um acidente de trabalho na cisterna do Residencial Santorini, na Quadra 208, em Águas Claras. Ao todo, cinco pessoas trabalhavam no local, que tinha 7m de profundidade.
Dentro da cisterna, a água chegava a 1,20m de altura. Um dos operários estava do lado de fora, e ao perceber que os colegas haviam ficado inconscientes, acionou o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF). Ao chegarem ao edifício, os militares iniciaram a operação a fim de viabilizar a retirada das vítimas do buraco, uma a uma.
Assim que chegaram ao residencial, os socorristas encontraram três vítimas em parada cardiorrespiratória e iniciaram o processo de reanimação. Um dos socorridos foi intubado, medicado e, por fim, levado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), pelo helicóptero da corporação. Apesar dos esforços dos militares, os outros dois operários morreram no local. Uma das vítimas foi identificada como Wanderson Soares da Silva, 26 anos. O segundo trabalhador era Gutemberg José de Santana, 53.
Wanderson trabalhava com paisagismo na empresa Império Garden. Segundo o pai da vítima, Carlos Antônio da Silva, ele e Gutemberg haviam sido contratados para instalar uma nova bomba em um dos poços do prédio.
“A empresa que o meu filho trabalhava ia fazer apenas a instalação de uma nova bomba. Nós não sabemos nem a dinâmica certa, ninguém do condomínio nos informa. Nem sabíamos que ele viria. Só fomos informados quando ele já havia desmaiado”, conta Carlos.
De acordo com o pai de Wanderson, ele trabalhava na empresa de uma prima e ajudava nos serviços de paisagismo. Porém, o jovem não tinha experiência em limpeza de cisterna e instalação de bomba no local.
Gutemberg José também realizava serviços para Império Garden e estava ajudando Wanderson na execução do serviço no condomínio. “Foi uma fatalidade anunciada. A única resposta que nos deram é que amanhã temos que dar prosseguimento ao enterro do nosso ente querido”, lamentou Rafael Santana, primo de Gutemberg.
O parente relata que procurou entender o que ocasionou o acidente e se havia algum supervisor acompanhando o trabalho deles, mas que ninguém do condomínio soube informar.
“Ninguém tinha equipamento de proteção, foi uma tragédia. Agora, a minha família vai ter que arcar com o sofrimento. Esperamos um posicionamento dos envolvidos. Eles não vão voltar”, ressaltou Rafael.
Emissão de gás
Questionados sobre o que poderia ter provocado a inconsciência dos operários, os bombeiros, por meio da assessoria de comunicação do CBMDF, disseram que “ambientes como este, que acabam acumulando material orgânico e, com o passar do tempo, passam a emitir gases que podem intoxicar pessoas”.
Ainda de acordo com a corporação, os operários que trabalhavam dentro da cisterna utilizavam de um motor movido à combustão. Em contrapartida, nenhum deles utilizava equipamento de proteção individual (EPI).
“Assim, este motor funciona à queima de combustível e acaba exalando gases que podem intoxicar pessoas. Não se tem, ainda, a informação de que isso seja a causa da inconsciência deles, até eles submergirem na água. Quem dirá isso é a perícia, mas a informação é relevante”, disse o tenente Marcelo de Abreu, do Corpo de Bombeiros do DF.
Empresas envolvidas
Segundo o portal Metrópoles haviam três empresas envolvidas no serviço da troca de bomba na cisterna. A HL2 Engenharia teria contratado duas empresas terceirizadas, a Grupo K2 Serviços e a Império Garden, para execução das tarefas.
A K2 era responsável pela limpeza do poço e retirada da bomba antiga. Já a Império Garden realizaria a instalação do novo equipamento no poço.
Conforme informações dos bombeiros, das pessoas envolvidas no acidente, duas eram da Império Garden, uma da K2, uma da HL2 Engenharia e um morador do edifício.