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Primavera no cerrado: Temporada dos ipês e os impactos das mudanças climáticas

05 de setembro, 2024
2 minuto(s) de leitura
Primavera no cerrado
Primavera no cerrado. (Foto: Divulgação)

A primavera, estação que começa em setembro no Brasil, é um período de exuberante renovação no Cerrado, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo. Neste ano, a chegada da estação é marcada por um espetáculo de cores e uma série de desafios ambientais, conforme destaca o professor de Ciências Biológicas do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Stefano Aires.

No Cerrado, a primavera é notável pela transição das secas temperaturas de inverno para um período de umidade e calor, que favorece uma nova fase de crescimento para a vegetação. “Com o início das chuvas e a elevação das temperaturas, a vegetação ganha vida. Esse aumento da umidade reduz o risco de incêndios florestais de grande porte e cria condições ideais para polinizadores, que são essenciais para a reprodução das plantas”, explica o professor Aires.

Uma das características mais icônicas da primavera no Cerrado é a florada dos ipês. O ipê branco, em particular, é uma das primeiras espécies a florescer, adornando a paisagem até outubro. Outros destaques da temporada incluem o flamboyant, com suas flores vibrantes, e a kaliandra, conhecida por suas flores vermelhas marcantes. Além das flores, a primavera também é crucial para a formação dos frutos de espécies como o pequi e a cagaita, frutas nativas que desempenham um papel importante na cultura local.

O Cerrado é lar de mais de 12 mil espécies de plantas, de acordo com o Instituto Chico Mendes (ICMBio), e a estação da primavera é fundamental para a reprodução de muitas delas. “Algumas plantas florescem no inverno, aproveitando o vento para dispersar suas sementes, enquanto outras dependem da primavera para a polinização, realizada por insetos, mamíferos e aves”, afirma Aires. Esta diversidade de estratégias reprodutivas ajuda a manter o equilíbrio ecológico do bioma.

No entanto, o professor Aires alerta para os efeitos adversos das mudanças climáticas sobre este cenário. “Este ano, observamos um atraso significativo na florada do ipê devido ao atraso nas chuvas”, afirma. Ele também destaca os recentes recordes de calor, que podem ter um impacto negativo na primavera e, potencialmente, no verão. “O aumento das temperaturas e a escassez de chuvas podem afetar a reprodução das plantas e animais, além de aumentar o risco de incêndios florestais prolongados”, acrescenta.

A chegada da primavera no Cerrado serve como um lembrete da interconexão entre a natureza e o clima. À medida que o bioma se transforma, a responsabilidade de conservá-lo e adaptar-se às mudanças climáticas se torna ainda mais crucial. “O Cerrado é um ecossistema único, e a proteção e a adaptação a essas mudanças são fundamentais para sua preservação”, conclui Stefano Aires.

Este cenário de primavera oferece uma oportunidade para apreciar a beleza e a complexidade do Cerrado, ao mesmo tempo em que reforça a necessidade urgente de ação ambiental para enfrentar os desafios das mudanças climáticas.

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