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Goiás: 567 pessoas morreram em ações da polícia no último ano

13 de junho, 2022
3 minuto(s) de leitura
Goiás: Número é 9,4% menor que 2020, mas patamar continua alto. Foto: Reprodução
Goiás: Número é 9,4% menor que 2020, mas patamar continua alto. Foto: Reprodução

As polícias de Goiás mataram 567 pessoas no ano passado. A grande maioria das mortes aconteceram durante ocorrências envolvendo policiais militares no horário de serviço. No mesmo período não houve o registro de policiais mortos.

Os dados usados na matéria foram resultado de um pedido via Lei de de Acesso à Informação (LAI) pela jornalista Ludmila Almeida, dos coletivos Magnífica Mundi e Favela em Pauta, dentro do Programa de Jornalismo de Dados de Segurança Pública do Instituto Sou da Paz.

Goiás é a unidade da federação com a segunda maior taxa de mortalidade em ações policiais, ficando atrás apenas do Amapá, segundo o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, considerando números de 2020, quando 626 foram mortos em ações policiais no estado goiano, um recorde.

Houve uma queda de 9,4% no número de mortes pela polícia em 2021, mas a quantidade ainda continua alta, quando se analisa a série histórica. É o segundo ano com mais óbitos desse tipo desde que os dados são divulgados.

Ação questionada

Para a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSPGO), esses altos números representam pessoas mortas em confronto com a polícia ou em resistência à ação policial.

No entanto, alguns casos tiveram repercussão nacional, depois que familiares das vítimas questionaram a versão da polícia e os policiais acabaram sendo denunciados criminalmente por homicídio.

Entre os mais de 500 mortos pela polícia em Goiás no ano passado está Wilker Darckian Camargo, de 35 anos. Filho de um cabo reformado da PM, o homem foi arrastado para o quintal de casa por policiais e executado com tiros, em 10 de dezembro, segundo o Ministério Público.

A ação letal foi feita com a luz do dia e na frente de moradores, em Trindade, na região metropolitana de Goiânia. Uma testemunha filmou a ação e isso acabou provocando uma reação das autoridades, que investigaram o caso. Os policiais são réus por homicídio qualificado.

Barbeiro com câncer espancado

Outro caso é o do barbeiro Chris Wallace da Silva, de 24 anos. Ele morreu após ter sido espancado de forma violenta por policiais militares de Goiás em novembro do ano passado. Foi o que denunciou sua família. A vítima tinha o diagnóstico de mieloma múltiplo, conhecido como câncer de osso.

De acordo com a denúncia, o jovem e um amigo estavam andando a pé a caminho de uma distribuidora de bebidas no bairro Fidélis, região sudoeste de Goiânia, quando foram abordados por policiais de Goiás em uma viatura. O encontro ocorreu por volta das 19h do último dia 10/11 (uma quarta-feira).

Os militares teriam feito uma primeira abordagem normal, sem violência, mas em seguida espancaram os jovens, afirmam familiares. Chris teria apanhado mais por conta de sua condição física mais fraca. Mesmo após o amigo alertar sobre a doença, os policiais teriam batido a cabeça do barbeiro contra um muro e agredido ele com golpes no abdômen.

Ele foi embora para casa, passou mal, foi internado e morreu posteriormente. A prisão dos PMs envolvidos no caso foi pedida pela Polícia Civil de Goiás um mês depois.

Mortos e feridos

De acordo com dados da SSPGO mais detalhados dos últimos três anos, quatro policiais militares morreram em confronto com civis nesse período. Dois morreram fora de serviço em 2019 e outros dois morreram durante as ocorrências em 2020.

Um desses casos que ganhou bastante repercussão foi o assassinato do soldado Walisson Miranda Costa, de 28 anos, enquanto realizava um serviço policial sem farda com outros colegas, em 23 de setembro de 2019. O caso continua sem solução após mais de dois anos. Ninguém foi preso.

Nesses últimos três anos também houve o registro de 37 policiais militares feridos durante o serviço e outros quatro feridos fora de serviço . No mesmo período não houve casos de policiais civis feridos ou mortos. Os policiais civis participaram de ações que resultaram em 27 mortes entre 2019 e 2022.

Fonte: Thalys Alcântara, Metrópoles

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