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Pesquisa revela efeitos nocivos das tendências do TikTok

02 de agosto, 2024
3 minuto(s) de leitura
A busca incessante por um ideal de vida perfeito, frequentemente promovido por influenciadores digitais no TikTok, pode gerar sentimentos de inadequação, ansiedade e depressão
A busca incessante por um ideal de vida perfeito, frequentemente promovido por influenciadores digitais no TikTok, pode gerar sentimentos de inadequação, ansiedade e depressão (Foto: Cedida ao Cidade Toda)

Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram uma parte indispensável da vida cotidiana, especialmente para a geração Z. Entre essas plataformas, o TikTok se destaca como uma das mais influentes, moldando comportamentos, tendências e percepções. No entanto, à medida que essa rede social cresce em popularidade, emergem preocupações sobre seu impacto nas mulheres jovens.

Uma pesquisa realizada pela publicitária Bruna Moreira junto com o Centro Universitário de Brasília (CEUB), revela efeitos tóxicos dos vídeos que promovem tendências de consumo entre jovens mulheres na plataforma digital. Este fenômeno levanta questões sobre a saúde mental, identidade e bem-estar financeiro das usuárias, revelando um lado sombrio das redes sociais que merece atenção crítica.

O estudo indica que conteúdos associados às hashtags #thatgirl, #cleangirl e #vanillagirl promovem valores neoliberais, gerando uma busca incessante por validação e incentivando o consumo excessivo na tentativa de se adequar a um ideal de vida “perfeita”. A pesquisa, de natureza qualitativa, utilizou a Análise de Conteúdo em oito vídeos que exploram esses conceitos de consumo, mostrando uma forte aliança com princípios neoliberais, como a autoexploração, o consumismo, o narcisismo e o empreendedorismo pessoal.

“Essas tendências virais intensificam o comportamento de consumir como forma de expressar identidade e buscar validação social”, afirma Bruna. Como usuária da rede social, a publicitária acredita que a motivação para realizar a pesquisa partiu da auto-observação.

Os resultados do estudo mostram que as tendências virais no TikTok promovem discursos alinhados aos ideais do neoliberalismo, com implicações problemáticas e prejudiciais para a população. A pesquisa destaca que esses conteúdos incentivam o consumo excessivo, especialmente entre a geração Z, com foco nas mulheres, que veem o ato de comprar como uma forma de expressar identidade e pertencimento.

Os resultados indicam que jovens mulheres expostas a estes vídeos demonstram uma alta predisposição para adquirir produtos associados às tendências, buscando incorporar determinadas estéticas ou estilos de vida. “O fenômeno é amplificado pela aparência de autenticidade e sucesso pessoal atribuída aos vídeos, fomentando um desejo de pertencimento que se manifesta em práticas consumistas”, afirma a publicitária.

A pesquisadora alerta que as redes sociais oferecem uma realidade aspiracional e inalcançável, o que pode gerar problemas financeiros, de saúde mental e de identidade, além de impactos de gênero e geração. Segundo Bruna, a interseção entre comunicação, publicidade e ciências políticas e sociais mostra como as tendências no TikTok influenciam os hábitos de consumo das mulheres da geração Z: “Quis demonstrar que podemos e devemos ser publicitários mais conscientes, considerando o impacto do nosso trabalho na vida das pessoas”.

A contribuição principal do estudo, segundo a pesquisadora, é evidenciar que as tendências virais nas redes sociais não são tão inocentes quanto aparentam. “Essas tendências surgem e desaparecem rapidamente, dando a impressão de serem inofensivas, mas a ideia de escolha sobre ser influenciado por elas é ilusória”, explica. “Por trás desses conteúdos, existe uma cultura de consumo distorcida e prejudicial que precisa ser discutida”, conclui a autora.

Além disso, o estudo levanta um alerta importante sobre a influência das redes sociais na construção da identidade das jovens mulheres. Com a constante exposição a ideais inatingíveis e a pressão para se conformar a determinados padrões estéticos e de estilo de vida, as jovens podem sofrer impactos negativos em sua autoestima e autopercepção. A necessidade de se encaixar em um padrão imposto pelas redes sociais pode levar a comportamentos compulsivos de compra e a uma busca incessante por validação externa, deixando de lado a verdadeira essência e individualidade de cada uma.

A pesquisa também aponta que o consumo desenfreado promovido por essas tendências pode resultar em sérias consequências financeiras para as jovens. A pressão para adquirir produtos que correspondam às tendências pode levar ao endividamento e a uma gestão financeira descontrolada. Isso é especialmente preocupante considerando que muitas dessas jovens ainda estão em uma fase de construção de suas vidas financeiras e profissionais, tornando-as mais vulneráveis aos impactos negativos de um comportamento consumista impulsivo.

Outro aspecto relevante levantado pela pesquisa é a relação entre essas tendências de consumo e a saúde mental das jovens. A busca incessante por um ideal de vida perfeito, frequentemente promovido por influenciadores digitais, pode gerar sentimentos de inadequação, ansiedade e depressão. A comparação constante com a vida aparentemente perfeita de outras pessoas nas redes sociais pode levar a uma insatisfação crônica com a própria vida, afetando negativamente o bem-estar emocional e psicológico das jovens mulheres.

A pesquisa conclui que ao expor a cultura de consumo distorcida e os valores neoliberais subjacentes a esses conteúdos, destacando a importância de um consumo mais consciente e responsável. Além disso, ressalta a necessidade de uma maior conscientização sobre os impactos negativos das redes sociais na saúde mental, identidade e bem-estar financeiro das jovens, incentivando um debate mais amplo e uma reflexão profunda sobre o papel das redes sociais na sociedade contemporânea.

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