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Enem estremece relação do governo com bancada do agronegócio, e pode ver pautas econômicas desandarem no Congresso

07 de novembro, 2023
3 minuto(s) de leitura
Presidente da FPA, deputado Pedro Lupion
Foto: Reprodução/ FPA

O primeiro dia de provas do Enem, aplicado no último domingo (5), teve 90 questões objetivas além da redação. Três dessas questões incomodaram o setor do agronegócio, e azedaram a relação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) com o governo federal.

Uma das perguntas da prova criticou a “lógica do agronegócio” no Cerrado, tratando a “propriedade privada” de forma negativa, alegando que as “águas, sementes, minerais e terras” não seriam mais “bens comuns”. Ainda de acordo com a questão, o “modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado”.  

Questões do Enem criticam agronegócio
Foto: Reprodução

A FPA reagiu e emitiu uma nota pedindo um posicionamento “urgente” do poder executivo a respeito das questões do Enem. A Frente pede também que as perguntas sejam anuladas da prova, e afirmou que vai convocar o ministro da Educação, Camilo Santana, para dar explicações em audiências no Congresso Nacional.

Pautas ameaçadas

Em comunicado nas redes sociais, a FPA elevou o tom contra o governo, que decidiu não comentar as questões, se limitando apenas a informar que as questões do Enem são elaboradas por professores independentes, selecionados por meio de edital de chamada pública. “Em semana decisiva para a agenda econômica do país, o governo decide se calar diante dos absurdos na prova do ENEM. Isso tudo para não “escalar” a crise com o setor, e assim garantir os votos necessários para pautar projetos e matérias importantes ao governo”, afirmou a FPA.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Pedro Lupion (PP-PR), disse que o tratamento dado ao agronegócio nas questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi vergonhoso: “uma prova completamente ideologizada, eivada de várias posições políticas, e que jogam o nosso agro contra a população brasileira, ou vice-versa. Uma vergonha total, jogar o agro contra o país é um negacionismo científico sem precedentes, e principalmente autofágico. Qual é o governo federal que trabalha contra a principal força da sua economia?”, afirmou Lupion.

O presidente da FPA afirmou ainda que já está pautada a convocação do ministro Camilo Santana. “A reação do Congresso tem sido muito dura e a nossa, como bancada, é muito clara. Não vamos aceitar que isso siga dessa forma. Li as questões e vi que as respostas não possuem fundamentação técnica. As questões precisam ser anuladas pois trata-se de uma prova vexatória e ideológica”, ressaltou Lupion. 

Agro no PIB

Agro impulsiona PIB
Foto: Reprodução/ CNA

De acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agronegócio deve responder a 24,5% do PIB do país, impulsionado pela safra recorde no campo, podendo alcançar R$ 2,63 trilhões em 2023.

O setor também tem ampla responsabilidade pelas exportações do Brasil e o saldo da balança comercial. De janeiro a outubro, o agronegócio vendeu US$ 70,3 bilhões ao exterior, um crescimento de 7,2% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Marco Temporal e agenda econômica

Na reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária que ocorreu nesta terça-feira (7), o deputado Pedro Lupion declarou ainda que chegou ao fim o tempo destinado para dialogar com o Governo Federal a respeito dos vetos ao Projeto de Lei 2903/2023, que trata do marco temporal para demarcação de terras indígenas.

Lupion ainda negou que exista uma negociação de aprovação da Reforma Tributária para que o projeto do marco temporal tramite. “Não vamos fazer troca de projetos por aprovação. Quem faz a pauta é o presidente do Congresso e os líderes partidários. Esse tipo de proposta não existe e jamais vai acontecer. Não acontecerá Sessão sem pautar o veto 30, que trata do marco temporal. É de interesse de muitos e já comuniquei isso aos líderes na Câmara e no Senado”, afirmou o presidente da FPA.

CCJ do Senado aprova Reforma Tributária
Foto: Reprodução/ Agência Senado

No senado, os efeitos do desgaste da bancada ruralista com o governo também já surtiram efeito na votação da Reforma Tributária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na tarde desta terça (7). A proposta faz parte da agenda econômica do executivo, e embora tenha sido aprovada, recebeu votos contrários de senadores que integram a FPA.

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