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Em evento que lembrou 8 de janeiro, Lula critica perdão aos manifestantes, e parlamentares se mostram divididos

09 de janeiro, 2024
2 minuto(s) de leitura
Evento pró democracia reúne poderes
Foto: Reprodução/ Agência Brasília

A cerimônia batizada de “Democracia Inabalada”, realizada nessa segunda-feira (8) em Brasília, lembrou o primeiro ‘aniversário’ dos ataques contra as sedes dos três Poderes, destacando a sintonia entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a maioria dos integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF). Um alinhamento que deu notoriedade ao um forte compromisso com a responsabilização dos envolvidos nos ataques considerados antidemocráticos. Por outro lado, o evento ilustrou a divisão política ainda presente no Congresso Nacional.

Autoridades seguram Constituição
Foto: Reprodução/ Agência Brasil

O evento foi sediado no Salão Negro do Congresso Nacional – um dos locais depredados no dia 8 de janeiro de 2023 – e várias figuras políticas proeminentes marcaram presença, incluindo governadores, prefeitos, e os três comandantes das Forças Armadas. Margareth Menezes, ministra da Cultura, foi responsável por cantar o hino nacional.

Nas falas do presidente Lula e dos ministros do STF, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, houve um forte destaque na necessidade de punir os responsáveis pelos ataques. Lula, em particular, referiu-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro como “golpista”, ressaltando a gravidade dos atos cometidos contra a democracia. Ele enfatizou que o perdão aos envolvidos equivaleria a impunidade, o que não poderia ser tolerado.

Lula discursa em evento pró democracia
Foto: Reprodução/ Agência Brasil

“Todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos. Não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra seu país e contra o seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade. E a impunidade, como salvo conduto para novos atos terroristas”, disse o presidente.

Alexandre de Moraes, que lidera as investigações sobre os eventos de 8 de janeiro, fez uma comparação com a política de apaziguamento adotada por Inglaterra e França em relação a Adolf Hitler antes da Segunda Guerra Mundial, argumentando que a democracia precisa ser fortalecida “sem confundir paz e união com impunidade”. Barroso também fez declarações impactantes, afirmando que os ataques não foram um incidente isolado, mas parte de um desafio maior à democracia.

Congresso dividido e saia-justa

A participação do líder do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), juntamente com ministros do chamado centrão e de agremiações políticas conservadoras, formou um contraste marcante com a ausência de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e de muitos representantes dos partidos que oficialmente apoiam o governo — sem contar com a oposição ligada a Bolsonaro, cuja falta já era esperada. O alinhamento no discurso entre governo e STF não escondeu a divisão política no Congresso, onde Lula detém uma maioria teórica, que não se concretiza na prática.

O boicote previamente anunciado por parte da oposição bolsonarista foi acompanhado pelas ausências de governadores — incluindo Romeu Zema (Novo), de Minas, que inicialmente confirmou, mas depois desistiu — e líderes do centrão, entre eles o presidente da Câmara, que alegou problemas de saúde familiar como motivo.

Alguns membros dos partidos próximos a Lira consideraram que Lula aproveitaria o evento como um palco político. Assim, optaram por não se aliar ao ex-presidente, especialmente em um ano eleitoral.

Os aliados do presidente da Câmara interpretaram sua falta como uma estratégia para manter sua imagem junto aos parlamentares mais conservadores da Casa, que expressaram críticas ao evento.

Além do presidente da Casa, outras importantes figuras da Câmara não compareceram, incluindo o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), atualmente apoiado por Lira para sua sucessão.

A presença de militares também gerou desconforto durante o evento. A participação deles foi discreta, sem interações com a imprensa, embora tenham sido destacados nos agradecimentos de Lula aos “militares legalistas”.

A Procuradoria-Geral da República denunciou mais de 1.400 pessoas pelos crimes cometidos naquele dia, com 30 já condenadas pelo Supremo.

Manifestantes invadem Congresso em 8 de janeiro de 2023
Foto: Reprodução/ Agência Brasil

Por precaução, a cerimônia contou com um esquema de segurança reforçado, e houve apenas um incidente de menor gravidade envolvendo uma mulher que foi presa nas proximidades do STF.

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