Em terras gaúchas desde segunda-feira (6), o piloto da Polícia Militar do DF, Major Vilner, tem se dedicado ao resgate das vítimas das enchentes que assolam o estado. Os desafios são muitos, já que inúmeros acessos estão bloqueados, seja por alagamentos, seja por queda de pontes ou obstrução de estradas.
Além dos resgates, o policial militar integra equipes que fazem transporte de alimentos e insumos às vítimas dos alagamentos.
O Major, no entanto, chama a atenção para o fato de que muitas famílias se recusam a deixar seus lares: “a água cobriu muitas casas de um só pavimento, mas ainda tem famílias que não querem sair das residências, elas seguem ocupando o segundo andar ou até mesmo improvisando barracas nas lajes das casas. O problema é que eles estão ficando sem água potável e alimento”, disse.
Isso, inclusive, foi o que mais impressionou o militar, que muitas vezes teve de fazer um verdadeiro trabalho de negociação para retirar essas pessoas de dentro de casa – mas nem todas, de fato, concordaram em deixar seus lares, mesmo após os alarmes.
O Major Vilner disse que nunca viu um cenário parecido na vida. “As casas estão submersas, casas inteiras embaixo d’água. É inacreditável, uma tragédia que atingiu todo tipo de gente, de várias classes sociais, que vem mostrando o quanto ainda somos frágeis diante da força da natureza”, disse.
O policial militar afirmou ainda que se emocionou ao resgatar famílias inteiras, e pôde sentir a aflição daqueles que perderam tudo: “muita gente saiu, literalmente, com a roupa do corpo, que ainda estava molhada. Agradeciam pelo resgate, mas choravam de medo do futuro, por ter que deixar absolutamente tudo pra trás. É uma experiência que nunca mais vou esquecer”.
Sobe número de mortes
O último boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul desta quinta-feira (9) confirmou que o estado chegou à marca de 107 pessoas que perderam a vida devido aos temporais, e infelizmente o número de mortos pode aumentar, porque há quase 140 pessoas desaparecidas.
Em menos de 12h, o número de desalojados dobrou: passou de 164.583 pessoas que tiveram de deixar suas casas para 327.105 vítimas dos alagamentos.
Medidas na aviação
Muitos gaúchos têm se deslocado para a casa de parentes em outros estados, como Santa Catarina. Com o aeroporto de Porto Alegre ainda inundado e sem operações por tempo indeterminado, o Ministério de Portos e Aeroportos anunciou um plano de “malha emergencial”, adicionando 116 novos voos comerciais semanais nos terminais de sete cidades do interior do RS, como Caxias do Sul, Passo Fundo e Canoas, além de Florianópolis e Jaguaruna, em Santa Catarina.
A partir desta sexta-feira (10), os voos estarão disponíveis para compra nos sites das companhias aéreas, que serão fiscalizadas pela Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) para que as passagens não sejam vendidas a preços exorbitantes.