O risco de epidemia de dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti levou o Governo do Distrito Federal a declarar situação de emergência na saúde pública. A medida autoriza o governo a fazer o que for necessário para conter a dengue, principalmente com relação a compra de insumos e materiais e a contratação de serviços.
O decreto, publicado em edição extra do Diário Oficial do DF, vai durar enquanto a situação sanitária de enfrentamento à doença não se estabilizar na capital do país. O governo também está autorizado a contratar profissionais temporários e alguns servidores poderão ser remanejados para reforçar o trabalho que já vem sendo feito. Todas as ações e serviços serão coordenados pela Secretaria de Saúde.
Crescimento assustador
De acordo com o boletim epidemiológico mais recente, do dia 1º ao dia 20 deste mês houve 16.079 casos prováveis notificados de dengue, um aumento de 646,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Três mortes também foram confirmadas, e outras 15 estão em investigação. Em uma semana, o número de casos mais que dobrou no DF.
Ceilândia é a região administrativa com maior incidência (3.963 casos), seguida por Sol Nascente/Pôr do Sol (1.110), Brazlândia (1.045) e Samambaia (997).
O GDF está preocupado com o número de hospitalizações e com a sobrecarga no sistema de saúde. Por isso, no último sábado (20), foram implantadas nove tendas de acolhimento e hidratação ao lado das administrações regionais das cidades com o maior número de casos de dengue.
O serviço está disponível, das 7h às 19h, em Ceilândia, Sol Nascente/Pôr do Sol, Samambaia, Sobradinho, São Sebastião, Estrutural, Recanto das Emas, Brazlândia e Santa Maria. Nas tendas os pacientes poderão fazer testes rápidos, tratar sintomas e receber soro, além de informações sobre o combate ao mosquito transmissor. Somente nos primeiros três dias de funcionamento, as tendas e as unidades básicas de saúde (UBSs) realizaram 7.569 atendimentos. Mais de duas mil pessoas receberam hidratação venosa – o primeiro tratamento para a dengue.
Sintomas e sinais de alarme
O diagnóstico da dengue pode ser feito por meio de testes rápidos, exames de sangue e avaliação clínica. Os primeiros sintomas são febre alta (acima de 38º), dores no corpo e nas articulações, dor atrás dos olhos, mal estar generalizado, indisposição, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo.
No entanto, os profissionais da área de saúde alertam para o surgimento dos sintomas mais graves. O infectolgista Werciley Vieira explica que o diagnóstico precoce pode salvar vidas, já que, por ser uma doença viral, a dengue infelizmente não tem tratamento – é preciso tratar os sintomas.
“Dores intensas na barriga, vômitos persistentes, sangramentos no nariz, pela boca ou nas fezes, tontura e cansaço extremo são sinais de um quadro mais grave da doença, como a dengue hemorrágica. Tem tratamento, e as chances de cura são de 97% dos casos, mas é preciso agir rápido”, afirmou o médico.
Nesses casos, os pacientes da rede pública devem buscar uma Unidade de Pronto Atendimento ou os hospitais regionais. De acordo com as diretrizes do manual do Programa de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, as manifestações hemorrágicas na dengue são causadas pela fragilidade das paredes dos vasos sanguíneos, pela queda de plaquetas e pelo alto consumo de fatores de coagulação.
No caso de queda brusca de plaquetas, o paciente deve ser internado para receber hidratação e até transfusão. “A transfusão de plaquetas fica a critério do médico assistente, mas pode ser indicado nos casos com suspeita de sangramento no sistema nervoso central (hemorragia cerebral) e em casos de plaquetas abaixo de 20.000/mm3, na presença de sangramentos visíveis.”
Vacina no DF
O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira (25) que o Distrito Federal está na lista das regiões que vão receber doses da vacina Qdenga. A imunização começa em fevereiro, sem data definida ainda, e vai priorizar crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária com o maior número de internações pela dengue.
Outros 16 estados, abrangendo cerca de 500 municípios, também vão dividir as 750 mil doses do imunizante que já estão no país. “Sabemos que as doses são poucas, mas o que chegar já vamos colocar em prática nas nossas Unidades Básicas de Saúde para poder fazer a vacinação da população. Esperamos que o governo federal adquira mais vacinas para alcançarmos um público cada vez maior”, afirmou o governador do DF, Ibaneis Rocha.