O mês de setembro é marcado pela campanha Setembro Amarelo, dedicada à prevenção ao suicídio e à promoção da saúde mental. Um dos focos da campanha é a conscientização sobre a importância de abordar o sofrimento emocional em todas as fases da vida, especialmente entre crianças e adolescentes. Dados do Ministério da Saúde indicam um aumento alarmante nas taxas de mortalidade por suicídio entre jovens, destacando a necessidade de atenção e cuidados contínuos, inclusive no ambiente escolar.
De acordo com um estudo da Secretaria de Vigilância em Saúde, entre 2016 e 2021, as taxas de suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos aumentaram 49,3%, atingindo 6,6 por 100 mil habitantes. Entre adolescentes de 10 a 14 anos, o aumento foi de 45%, com uma taxa de 1,33 por 100 mil. Especialistas afirmam que grande parte desses casos está relacionada a doenças mentais não diagnosticadas ou tratadas de maneira inadequada.
A coordenadora pedagógica Michelle Gössling Cardoso ressalta que o comportamento das crianças muitas vezes é reflexo de crenças e experiências que elas ainda não sabem expressar. “Portanto, cabe aos adultos ao seu redor estarem atentos para identificar essas motivações e oferecer o suporte necessário, utilizando ferramentas que as crianças ainda não desenvolveram”, afirma. Ela explica que o processo de “autonomia assistida” é crucial, no qual os adultos fornecem ferramentas emocionais e continuam oferecendo suporte enquanto a criança aprende a aplicá-las.
No ambiente escolar, a identificação dos primeiros sinais de sofrimento emocional pode ser desafiadora, mas a psicóloga Jacqueline Maimoni, do Colégio Everest Brasília, destaca que mudanças emocionais e comportamentais são indícios importantes. “Mudanças como isolamento social, ansiedade, irritabilidade, tristeza, choro persistente, alterações nos hábitos alimentares ou de sono, são indícios de que algo está errado. Também podemos observar a queda no desempenho escolar, muitas vezes devido à falta de concentração”, afirma.
Maimoni reforça que a escola desempenha um papel fundamental na identificação do sofrimento psicológico. “É essencial que a escola ofereça espaços de fala acolhedores e receptivos, sem julgamento, para que os alunos se sintam à vontade para expressar suas preocupações”, destaca. Ela também aponta a importância de intervenções socioemocionais e psicoeducativas e a criação de vínculos de segurança entre alunos e educadores para promover o bem-estar.
No Colégio Everest, além do departamento de psicologia preparado para acolher alunos e funcionários, a Pastoral da escola oferece suporte espiritual, complementando o cuidado emocional. Durante o Setembro Amarelo, a instituição promove palestras, atividades educativas e projetos que incentivam discussões abertas sobre saúde mental. “Esse é um período importante para sensibilizar todos os envolvidos sobre a relevância da saúde mental e do cuidado com o outro”, conclui Jacqueline Maimoni.